Quando, melhor ou pior,
Portugal começa a dar mostras de ser capaz de conseguir reaver a confiança dos
mercados para os financiamentos de que necessita, a estridência das
contestações aumenta e todos saem à rua a clamar contra os cortes que lhes
fizeram.
Em primeiro lugar porque
lhos fizeram e depois porque os fizeram logo a eles que são os mais indispensáveis,
aqueles sem os quais a sociedade não pode passar.
E eu fico a pensar como se
resolveria a situação de bancarrota a que praticamente chegámos, sem cortar
nada a ninguém, agora que nem dinheiro podemos imprimir, como fazem os
americanos ou os chineses e outros, para animar a economia, pagar salários e
bolsas…
Olhando as coisas com
alguma serenidade, nota-se serem umas reclamações mais justas do que outras e,
por certo, algumas mais do que justas pela falta de equidade no modo como
foram decididas. Mas são demais aquelas que nem sequer têm qualquer razão de ser quando repor o equilíbrio de gastos e torná-los mais produtivos é indispensável num país altamente endividado.
Talvez seja o caso das manifestações
dos nossos “cientistas” que invadiram as ruas aos milhares, muitos sem sequer mostrar a cara que tapavam com a de quem contestavam.
Fiquei espantado com tanta “ciência” que há neste país! São “Einsteins” aos montões, tantos que a proporcionalidade do seu número nos permite emparceirar com os países mais avançados e, nas dotações financeiras para a Ciência, estarmos nos lugares cimeiros dos países europeus.
Fiquei espantado com tanta “ciência” que há neste país! São “Einsteins” aos montões, tantos que a proporcionalidade do seu número nos permite emparceirar com os países mais avançados e, nas dotações financeiras para a Ciência, estarmos nos lugares cimeiros dos países europeus.
Há bolseiros por todo o
lado alguns a investigar nem sei o que. Produzirão a maioria desses “cientistas”
trabalho que valha realmente a pena e terá o seu trabalho resultados que
contribuam, realmente, para o desenvolvimento da Ciência e do país? Não sei,
mas tenho imensas dúvidas de que os cerca de 2% do PIB que lhes é destinado
seja, deste modo, um investimento com a rentabilidade que os investimentos que
fizermos devem ter para podermos evoluir como necessitamos.
Depois do rápido
crescimento da investigação científica em Portugal, parece-me indispensável
olhar atentamente para as coisas e repensá-las de modo a torna-las melhores,
como deve acontecer numa área onde a qualidade e não a quantidade
deve ser privilegiada. Senão, para que servirá a investigação que não vejo
produzir, na nossa indústria, os efeitos que seriam de esperar de tamanho
investimento?
Pretendem fazer da
investigação um emprego onde, produza-se o que se produzir, é sempre para
continuar? Não me parece que os contribuintes o devam suportar sem contrapartidas, já que a indústria tão pouco o suporta.
E recordo-me dos meus
tempos no Laboratório nacional de Engenharia Civil onde era produzido trabalho
de investigação pura e aplicada que, em alguns domínios, era da mais avançada em
todo o mundo, sendo suportada pelos resultados da actividade normal que,
também para todo o mundo, o Laboratório fazia. Era investigação de
qualidade para a qual tínhamos de contribuir com muito esforço e qualidade de trabalho, sem esperar
bolsas ou outras comparticipações que não aquelas que o nosso próprio trabalho
poderia dar-nos.
Mesmo assim, não nos sentíamos
indispensáveis. Eramos aquilo que lutávamos duramente para ser, sem “Arménios”
e outros maestros que por aí florescem, a comandar o estrilho que fizéssemos.
Haja investigação, sim, mas com a qualidade que apenas critérios sérios de atribuição de apoios financeiros do Estado justifiquem e que as empresas mais deveriam apoiar para tornar os seus resultados rentáveis.
Haja investigação, sim, mas com a qualidade que apenas critérios sérios de atribuição de apoios financeiros do Estado justifiquem e que as empresas mais deveriam apoiar para tornar os seus resultados rentáveis.
Não há dúvida... “trabalhar faz calos”!
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