ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 25 de janeiro de 2014

OS INDISPENSÁVEIS!

Quando, melhor ou pior, Portugal começa a dar mostras de ser capaz de conseguir reaver a confiança dos mercados para os financiamentos de que necessita, a estridência das contestações aumenta e todos saem à rua a clamar contra os cortes que lhes fizeram.
Em primeiro lugar porque lhos fizeram e depois porque os fizeram logo a eles que são os mais indispensáveis, aqueles sem os quais a sociedade não pode passar.
E eu fico a pensar como se resolveria a situação de bancarrota a que praticamente chegámos, sem cortar nada a ninguém, agora que nem dinheiro podemos imprimir, como fazem os americanos ou os chineses e outros, para animar a economia, pagar salários e bolsas…
Olhando as coisas com alguma serenidade, nota-se serem umas reclamações mais justas do que outras e, por certo, algumas mais do que justas pela falta de equidade no modo como foram decididas. Mas são demais aquelas que nem sequer têm qualquer razão de ser quando repor o equilíbrio de gastos  e torná-los mais produtivos é indispensável num país altamente endividado.
Talvez seja o caso das manifestações dos nossos “cientistas” que invadiram as ruas aos milhares, muitos sem sequer mostrar a cara que tapavam com a de quem contestavam. 
Fiquei espantado com tanta “ciência” que há neste país! São “Einsteins” aos montões, tantos que a proporcionalidade do seu número nos permite emparceirar com os países mais avançados e, nas dotações financeiras para a Ciência, estarmos nos lugares cimeiros dos países europeus.
Há bolseiros por todo o lado alguns a investigar nem sei o que. Produzirão a maioria desses “cientistas” trabalho que valha realmente a pena e terá o seu trabalho resultados que contribuam, realmente, para o desenvolvimento da Ciência e do país? Não sei, mas tenho imensas dúvidas de que os cerca de 2% do PIB que lhes é destinado seja, deste modo, um investimento com a rentabilidade que os investimentos que fizermos devem ter para podermos evoluir como necessitamos.
Depois do rápido crescimento da investigação científica em Portugal, parece-me indispensável olhar atentamente para as coisas e repensá-las de modo a torna-las melhores, como deve acontecer numa área onde a qualidade e não a quantidade deve ser privilegiada. Senão, para que servirá a investigação que não vejo produzir, na nossa indústria, os efeitos que seriam de esperar de tamanho investimento?
Pretendem fazer da investigação um emprego onde, produza-se o que se produzir, é sempre para continuar? Não me parece que os contribuintes o devam suportar sem contrapartidas, já que a indústria tão pouco o suporta.
E recordo-me dos meus tempos no Laboratório nacional de Engenharia Civil onde era produzido trabalho de investigação pura e aplicada que, em alguns domínios, era da mais avançada em todo o mundo, sendo suportada pelos resultados da actividade normal que, também para todo o mundo, o Laboratório fazia. Era investigação de qualidade para a qual tínhamos de contribuir com muito esforço e qualidade de trabalho, sem esperar bolsas ou outras comparticipações que não aquelas que o nosso próprio trabalho poderia dar-nos.
Mesmo assim, não nos sentíamos indispensáveis. Eramos aquilo que lutávamos duramente para ser, sem “Arménios” e outros maestros que por aí florescem, a comandar o estrilho que fizéssemos.
Haja investigação, sim, mas com a qualidade que apenas critérios sérios de atribuição de apoios financeiros do Estado justifiquem e que as empresas mais deveriam apoiar para tornar os seus resultados rentáveis.
Não há dúvida... “trabalhar faz calos”!


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