Hollande foi a esperança
da via socialista na superação da “crise” quendo, em 2012, derrotou Sarcozy nas
eleições presidenciais francesas. Finalmente, com ele chegava a alternativa
pela qual Seguro clamava, mesmo sem a saber definir.
Fê-lo Hollande num
programa eleitoral e de governo que, finalmente, iria marcar a diferença entre
o que o governo de Passos Coelho fazia e, segundo Seguro, apenas promovia a
pobreza e a recessão económica, e a via que a França iria seguir para evitar a austeridade e defender
o Estado Social.
A vitória de Hollande
tornava-se na prova da razão do PS português quando afirma haver alternativa à
política de “cortes” que a Troika nos impunha e Passos Coelho, submissamente, aceitava.
Porém, o tempo apressou-se
a mostrar a fraqueza da alternativa de Hollande e, com isso, a frustrar as
expectativas dos franceses que, em maioria, o apoiaram, assim como as de António José
Seguro que dele esperava a demonstração da razão de ser das suas críticas ao
Governo e da exigência de eleições antecipadas.
Com a popularidade
agora completamente desfeita e muito contestado pelos resultados alcançados com a política que adoptou, o
presidente francês acaba por render-se à austeridade que quis evitar, com um
plano de corte na despesa de mais de 50 mil milhões de euros entre 2015 e 2017.
Mas, tenho-o por certo,
ainda assim não resolverá os problemas que a crise sistematicamente agudiza nem
satisfará os que, com mais veemência do que aquela com que o elegeram, agora
pedem o seu rápido afastamento.
Estes acontecimentos são a
prova da incompreensão deste fenómeno a que se insiste em chamar “crise” mas
que, cada vez mais, se revela como o “canto do cisne" de um sistema económico
esgotado, tanto nos meios como nos seus propósitos.
Demonstram-no tantas
incertezas e “certezas” desfeitas como o são as do próprio Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia que,
pouco depois de afirmar que estava superada a crise do euro, ontem afirmou, na
cerimónia em que recebeu o Prémio Carlos V que o governo espanho lhe atribuiu, que “ainda não saímos do atoleiro”!
E volta a questão do
“atoleiro” do qual Guterres já falou há tanto tempo, quando se demitiu da governação de um país
onde sempre se espera mais do que outros possam fazer por nós do que no nosso próprio
esforço para o fazer.
É mais do que altura de
pensar na solidariedade sem a qual não haverá futuro mas que, diz-se num estudo
divulgado, diminui à medida em que se eleva o nível literário na sociedade.
Parece termos entrado num
período de contra-sensos, no qual a evolução a que se chama “progresso
civilizacional” tem efeitos negativos, porventura em consequência da
descaracterização que faz do que seja próprio da natureza humana.
Outro socialismo será
necessário, o da solidariedade, em vez deste que as dificuldades sempre levam a meter
na gaveta!
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