ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O DÉFICE

Como seria natural, o resultado que o Governo apresentou para o défice de 2013 tinha de gerar críticas da parte das oposições. É esta a regra de ouro da “política”, ver sempre errado o que outros tenham feito.
Para umas oposições, para as quais o défice não faz qualquer sentido como o não faz pagar as dívidas que se acumularam, a única crítica é, afinal, insistir nas consequências dos disparates que nos colocaram no drama que vivemos. Para outra, o PS, dizer que é um excelente resultado atingir 5% não passa de uma fraude, pois o défice previsto no acordo que celebrou com a Troika era de 3%!
E eu fico a pensar o que seria a austeridade necessária se o Governo não tivesse renegociado uma meta verdadeiramente impossível que o PS negociou, dilatando-a para 5,5% que, ainda assim, conseguiu reduzir.
São as metas impostas e os juros cobrados que determinam a austeridade necessária para as atingir, pelo que toda a gente reconheceu que seria indispensável tentar que não fossem tão exigentes.
Obviamente que não é no barulho da “rua” que estas negociações se fazem para que tenham bons resultados e não seria, por isso, em discussões exaltadas, inoportunas e estéreis na Assembleia da República que faríamos com que a Troika atendesse as nossas justas pretensões. Pelo contrário, penso que as terá prejudicado.
E o que era uma exigência das oposições, tornou-se na fraude que o Governo cometeu ao considerar como um sucesso a execução do OE 2013, o que, para todos os seus opositores era uma impossibilidade.
E eu fico sem saber o que, afinal, seria certo fazer, se renegociar para metas cumpríveis se preferir a austeridade que as negociadas pelo PS exigiriam, se ficar aliviado por algo que não correu mal ou ficar irritado por não ter razão nas previsões pessimistas feitas!
É, como popularmente tantas vezes se diz, ser preso por ter cão e preso por o não ter, o que é o procedimento típico de quem não tem melhores razões senão tentar baralhar as coisas.
Dizem, ainda, que este “êxito” foi conseguido à custa de impostos e de “cortes” que empobreceram o povo e prejudicaram a economia. E fico a pensar como, em vez disso, deveria ser feito. Enfim…
Se me pareceu um pouco excessivo como alguns enalteceram o feito que a mim me parece, ainda, insuficiente demais para deitar foguetes, pareceu-me ridículo o que outros fizeram para o denegrir, tal como tem acontecido em outras circunstâncias de melhorias de indicadores económicos e financeiros que, embora ainda pouco robustos, são preferíveis à espiral recessiva de que quase ninguém tinha dúvidas de que seria o resultado do que o Governo fazia.
Mas bem, isto é política e nesta “actividade lúdica” e lucrativa não enxergo atitudes que me mostrem as preocupações que dizem ter com aqueles para quem governam pois é, para mim, evidente a preocupação cega com os interesses pessoais e partidários que prosseguem.
É uma mudança profunda que tudo indica ser necessária, um novo modo de ver as coisas, uma forma diferente de viver, o regresso a um quadro de valores natural.
E, como sempre digo, quando se trata de corrigir os erros cometidos, o que não fizermos com inteligência, as circunstâncias no-lo imporão com dor.


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