Deve “pedir, nessa mesma noite, eleições antecipadas”, diz Ferro Rodrigues, ex Secretário-Geral do Partido Socialista!
Não vejo o que uma coisa
tenha a ver com a outra, tal como não teve nas eleições autárquicas por cuja
vitória o PS clamou também, mas sem sucesso, pela antecipação de eleições para
a Assembleia da República.
Aliás, quando o Governo em
funções está a terminar, em conformidade com o que foi previsto no protocolo de
resgate negociado pelo PS com a Troika, um programa de eliminação dos
desequilíbrios financeiros acumulados ao longo de vários anos, mas profundamente agravados no anterior governo PS liderado por Sócrates, não faria sentido uma
interrupção que colocasse em sério perigo a sua conclusão, sobretudo quando não
há, em consequência da fragilidade financeira, alternativa à maioria das
decisões tomadas para o conseguir.
É por isso que me parece
mais do que razoável que o mandato deste governo seja cumprido até ao seu
final, ainda que esteja convencido de que a actual maioria não conseguirá a
vitória nas próximas eleições. E, sendo assim, será o PS a governar ou a
dominar qualquer nova maioria que se forme, na qual, pelo que tem acontecido,
não fará qualquer sentido que participem o PSD ou o CDS pois, tal como os
socialistas proclamam, este governo deve acabar para que seja possível “inverter” as políticas de cortes e de austeridade que tem posto em prática.
De resto, que resultado
seria o da “mistura” de dois programas antagónicos?
Por isso, estou convencido
de que o PS, por ser o vencedor das próximas eleições, terá de governar sozinho ou coligado com forças ditas de extrema esquerda, o que teria o mesmo resultado
da tentativa de misturar água com azeite, ou seja a desintegração do PS que tem,
no seu seio, linhas de fractura que dificilmente resistirão às pressões de
uma coligação entre sensibilidades antagónicas.
Além de tudo o mais, não
me parece que os novos governantes possam vir a cumprir as promessas de reduzir
a austeridade ou de reposição de situações que os “cortes” alteraram, com base
nas quais vencerão as eleições, porque não será sustentável uma governação
despesista própria de um programa de governo em tais propósitos inspirado.
Isto significa que não existem,
no “xadrez” político actual, alternativas que garantam uma governação
esclarecida e segura, tal como os portugueses necessitam para poderem viver um
futuro melhor.
Mas serão os portugueses a
decidir, porque serão eles a votar nas próximas eleições.
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