ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O TEMPO DO HOMO SAPIENS

Aos poucos, vai-se aproximando o momento da verdade. O que fazer depois da Troika?
Recordo que Cavaco Silva convocou, há uns meses já distantes, um Conselho de Estado cujo tema seria aquele mesmo, mas ao qual os conselheiros, mais preocupados com questões imediatas que os levam a confrontos políticos em vez da “mobilização global” que a situação do país aconselharia, não corresponderam. Porque não foram capazes ou porque não lhes conveio, preferiram perder-se em vacuidades ridículas e em discussões sem sentido. Mas a verdadeira questão é essa mesmo O QUE FAZER DEPOIS DA TROIKA!
Poderia, mesmo, ir mais longe, ser mais preciso na ideia e dizer que o mais importante é saber o que já deveríamos ter feito.
Mas será que alguém já se preocupou em pensar nisso a sério, para lá dos seus apetites de poder ou da estreiteza das suas ideias políticas? Infelizmente, penso que tal assunto não cabe no ideário destas pessoas que nos governam ou querem governar e muito menos naquelas que parece terem apenas por missão criticar e dizer mal mal, porém sem nunca dizerem como fariam melhor. E quando o tentam dizer… sai disparate do grosso!
Nem sequer quando se discute se sairemos do resgate “à irlandesa” ou com um programa cautelar, somos capazes de entender o futuro e ter a noção de como fazer para evitar situações mais devastadoras do que as que temos vivido e que serão as que vão caracterizar a próxima crise que talvez já tenha começado.
A extrapolação não é, de todo, garantia de qualquer certeza. Mas é uma atitude indispensável na antevisão do futuro que se não constrói a partir de nada mas se insere numa continuidade que a Natureza nos impõe, por mais que nos julguemos senhores daquilo que, pelo contrário, comanda as nossas vidas.
É preciso recuar no tempo e apelar à memória para nos darmos conta de como as coisas se passaram e, a partir delas, imaginarmos como se podem vir a passar. Mas só pode ter essa memória quem as viveu e não perdeu a noção de como, ao longo do tempo, se foram modificando e, depois, fazer o juízo que permite antecipar como poderá ser o futuro, tendo a noção daquilo de que dispomos para o construir, em vez de persistirmos na ideia falsa de que sempre haverá aquilo de que necessitamos para o crescimento que não pode parar.
Por todas as experiências que vivi, tenho a noção de que o tempo da política leviana e prepotente está a passar, tal como a tem já tanta gente que reconhece serem os políticos os verdadeiros culpados dos disparates que cometemos por julgarem ser os donos daquilo que não é seu e nem sequer sabem se existe ou não.
Está na altura de revermos as leis que fizemos, o modo de vida que adoptámos e os projectos que fazemos para um futuro do qual nem, sequer, temos ideia qual possa ser porque apenas nos preocupamos com pouco mais do que o presente, com o que queremos ter e nunca o que poderemos ter.
Está na hora de sermos o verdadeiro “homo sapiens”, aquele que conhece bem o meio em que vive e prepara o seu futuro de acordo com o que o meio em que vive lhe pode dar.
Dizia Einstein que apenas conhecia duas coisas verdadeiramente infinitas, o Universo e a estupidez humana. Mas quanto ao Universo... ainda tinha algumas dúvidas!


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