Aos poucos, vai-se
aproximando o momento da verdade. O que fazer depois da Troika?
Recordo que Cavaco Silva
convocou, há uns meses já distantes, um Conselho de Estado cujo tema seria
aquele mesmo, mas ao qual os conselheiros, mais preocupados com questões
imediatas que os levam a confrontos políticos em vez da “mobilização global”
que a situação do país aconselharia, não corresponderam. Porque não foram
capazes ou porque não lhes conveio, preferiram perder-se em vacuidades ridículas
e em discussões sem sentido. Mas a verdadeira questão é essa mesmo O QUE FAZER
DEPOIS DA TROIKA!
Poderia, mesmo, ir mais
longe, ser mais preciso na ideia e dizer que o mais importante é saber o que já
deveríamos ter feito.
Mas será que alguém já se preocupou
em pensar nisso a sério, para lá dos seus apetites de poder ou da estreiteza
das suas ideias políticas? Infelizmente, penso que tal assunto não cabe no
ideário destas pessoas que nos governam ou querem governar e muito menos naquelas que parece terem apenas por missão criticar e dizer mal mal,
porém sem nunca dizerem como fariam melhor. E quando o tentam dizer… sai
disparate do grosso!
Nem sequer quando se
discute se sairemos do resgate “à irlandesa” ou com um programa cautelar, somos
capazes de entender o futuro e ter a noção de como fazer para evitar situações
mais devastadoras do que as que temos vivido e que serão as que vão
caracterizar a próxima crise que talvez já tenha começado.
A extrapolação não é, de
todo, garantia de qualquer certeza. Mas é uma atitude indispensável na antevisão
do futuro que se não constrói a partir de nada mas se insere numa continuidade
que a Natureza nos impõe, por mais que nos julguemos senhores daquilo que, pelo contrário, comanda as nossas vidas.
É preciso recuar no tempo
e apelar à memória para nos darmos conta de como as coisas se passaram e, a
partir delas, imaginarmos como se podem vir a passar. Mas só pode ter essa
memória quem as viveu e não perdeu a noção de como, ao longo do tempo, se foram
modificando e, depois, fazer o juízo que permite antecipar como poderá ser o
futuro, tendo a noção daquilo de que dispomos para o construir, em vez de
persistirmos na ideia falsa de que sempre haverá aquilo de que necessitamos
para o crescimento que não pode parar.
Por todas as experiências
que vivi, tenho a noção de que o tempo da política leviana e prepotente está a passar, tal
como a tem já tanta gente que reconhece serem os políticos os verdadeiros
culpados dos disparates que cometemos por julgarem ser os donos daquilo que não
é seu e nem sequer sabem se existe ou não.
Está na altura de revermos
as leis que fizemos, o modo de vida que adoptámos e os projectos que fazemos
para um futuro do qual nem, sequer, temos ideia qual possa ser porque apenas nos preocupamos
com pouco mais do que o presente, com o que queremos ter e nunca o que poderemos ter.
Está na hora de
sermos o verdadeiro “homo sapiens”, aquele que conhece bem o meio em que vive e prepara
o seu futuro de acordo com o que o meio em que vive lhe pode dar.
Dizia Einstein que apenas conhecia duas coisas verdadeiramente infinitas, o Universo e a estupidez humana. Mas quanto ao Universo... ainda tinha algumas dúvidas!
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