Todos os que
leiam o que por aqui escrevo, sabem que são frequentes os reparos que faço à
governação de Passos Coelho. Mostrou pouca maturidade no exercício de um cargo
que a exigia, não conseguiu a forma de discurso adequada às circunstâncias que
exigiriam a mobilização de todo um povo nem mostrou a força capaz de enfrentar
uma Troika que desconhecia e desconhece, ainda, a realidade portuguesa e lhe
impôs receitas inadequadas.
Apenas lhe reconheço uma
persistência pouco vulgar que, felizmente, tem evitado os males maiores que a
sua desistência provocaria, pois disso resultaria a entrega do poder a quem nem
saberia o que fazer com ele ou, então, persistiria nos erros que deram lugar à
situação financeira que, em cerca de 5 anos, nos levou de uma dívida possível
de gerir a uma dívida incomportável.
Por isso, sempre tenho reconhecido,
a par das fraquezas de quem nos governa, a ainda mais fraca Oposição que temos.
Refiro-me ao Partido Socialista que desenvolveu e pôs em prática as políticas
mais enganosas, por serem as mais contrárias à forma certa de governar um país,
em função das suas potencialidades e não de sonhos impossíveis de concretizar,
persistindo nelas em propostas que nunca esclarece como concretizaria e têm a
inconveniência de alimentar a esperança de poder voltar a um passado
irrepetível.
Um Governo deve conhecer
bem o país que governa, o que há muito não acontece em Portugal, porque os
nossos “políticos de crescimento acelerado” não fizeram o percurso que dá a
experiência que permite saber das coisas. Por isso, jamais se estabelece um
programa de governo em conformidade com as nossas possibilidades, preferindo
faze-lo em função de empréstimos que não consegue honrar sem grandes sacrifícios
ou contando com a solidariedade externa que nos impõe o que nada nos interessa.
A entrada na Europa, uma
decisão que a nossa localização geográfica quase tornou impossível de recusar,
foi um drama para um Portugal que se deixou arrastar por políticas e por
objectivos incompatíveis com a sua realidade, a qual não soube proteger do que
lhe foi imposto nem das sugestões que lhe foram feitas e, levianamente, acolheu.
Portugal passou a ignorar-se
a si próprio e afastou-se do mundo com o qual conviveu mais intimamente e onde
deixou raízes profundas que deveria, a todo o custo, preservar.
Foi por manifesta incompetência
dos nossos políticos que nos deixamos desaparecer no seio de uma Europa da qual
não passamos de uma pequena região periférica, esquecendo o “centro do mundo” que já
fomos.
Portugal envolveu-se num
sarilho do qual terá muita dificuldade em se desembaraçar quando acreditou que
a Europa lhe daria a dimensão que, na realidade, lhe retirou para a acrescentar a sua.
Hoje reconheço que pensava
bem quando receava o modo desprevenido como nos envolvíamos numa “Europa” que
crescia de modo incontrolado. Como acontece num monte de terra que se acumula
sem compactação, acaba por reduzir a altura que se julgava haver alcançado ou, até, soterrando os sonhos levianos que acalentámos.
A “Europa” tem mostrado
que não é nada de sólido. É, apenas, uma fatalidade!
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