ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 12 de janeiro de 2014

DO “CENTRO DO MUNDO” À MARGINALIZAÇÃO

Todos os que leiam o que por aqui escrevo, sabem que são frequentes os reparos que faço à governação de Passos Coelho. Mostrou pouca maturidade no exercício de um cargo que a exigia, não conseguiu a forma de discurso adequada às circunstâncias que exigiriam a mobilização de todo um povo nem mostrou a força capaz de enfrentar uma Troika que desconhecia e desconhece, ainda, a realidade portuguesa e lhe impôs receitas inadequadas.
Apenas lhe reconheço uma persistência pouco vulgar que, felizmente, tem evitado os males maiores que a sua desistência provocaria, pois disso resultaria a entrega do poder a quem nem saberia o que fazer com ele ou, então, persistiria nos erros que deram lugar à situação financeira que, em cerca de 5 anos, nos levou de uma dívida possível de gerir a uma dívida incomportável.
Por isso, sempre tenho reconhecido, a par das fraquezas de quem nos governa, a ainda mais fraca Oposição que temos. Refiro-me ao Partido Socialista que desenvolveu e pôs em prática as políticas mais enganosas, por serem as mais contrárias à forma certa de governar um país, em função das suas potencialidades e não de sonhos impossíveis de concretizar, persistindo nelas em propostas que nunca esclarece como concretizaria e têm a inconveniência de alimentar a esperança de poder voltar a um passado irrepetível.
Um Governo deve conhecer bem o país que governa, o que há muito não acontece em Portugal, porque os nossos “políticos de crescimento acelerado” não fizeram o percurso que dá a experiência que permite saber das coisas. Por isso, jamais se estabelece um programa de governo em conformidade com as nossas possibilidades, preferindo faze-lo em função de empréstimos que não consegue honrar sem grandes sacrifícios ou contando com a solidariedade externa que nos impõe o que nada nos interessa.
A entrada na Europa, uma decisão que a nossa localização geográfica quase tornou impossível de recusar, foi um drama para um Portugal que se deixou arrastar por políticas e por objectivos incompatíveis com a sua realidade, a qual não soube proteger do que lhe foi imposto nem das sugestões que lhe foram feitas e, levianamente, acolheu.
Portugal passou a ignorar-se a si próprio e afastou-se do mundo com o qual conviveu mais intimamente e onde deixou raízes profundas que deveria, a todo o custo, preservar.
Foi por manifesta incompetência dos nossos políticos que nos deixamos desaparecer no seio de uma Europa da qual não passamos de uma pequena região periférica, esquecendo o “centro do mundo” que já fomos.
Portugal envolveu-se num sarilho do qual terá muita dificuldade em se desembaraçar quando acreditou que a Europa lhe daria a dimensão que, na realidade, lhe retirou para a acrescentar a sua.
Hoje reconheço que pensava bem quando receava o modo desprevenido como nos envolvíamos numa “Europa” que crescia de modo incontrolado. Como acontece num monte de terra que se acumula sem compactação, acaba por reduzir a altura que se julgava haver alcançado ou, até, soterrando os sonhos levianos que acalentámos.
A “Europa” tem mostrado que não é nada de sólido. É, apenas, uma fatalidade!


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