Desde que esta crise
começou, quantas vezes e a quantos “entendidos” se ouviu dizer que a luz já se
via lá no fundo, num túnel que, como todos vemos, ainda não chegou ao fim?
Perante a ansiedade que a “crise”
cria, qualquer pirilampo parece o sol que nos aqueceria, de novo, a vida. Mas o
túnel é longo, mais do que gostaríamos que fosse, difícil de ultrapassar, impondo
uma austeridade muito dura de suportar e um caminho difícil de encontrar. E por
este túnel nos manteremos, preocupados e incomodados, sofredores até, enquanto
não aceitarmos a inevitabilidade do equilíbrio que o anterior modo de viver não
permite.
É evidente a dificuldade
em aceitar os recuos a que os desequilíbrios que provocámos obrigam, pelas
consequências que de tal resultarão, como o regresso a uma vida mais trabalhosa
sem privilégios que não sejam, apenas, os que o nosso esforço nos conceda.
Mas não haverá cura para
além da contenção a que a escassez de recursos obriga, nem será possível uma
situação sustentável sem retomar, no seu consumo, a velocidade da sua renovação
natural que há muito excedemos quer nas reservas de recursos naturais que utilizamos quer nas condições ambientais que degradámos excessivamente.
Por isso falharam as
soluções que até os mais reputados especialistas propuseram e agrava-se a
situação que a insistência em soluções baseadas no sobreconsumo origina, porque
vão no sentido contrário daquele que deveremos escolher para sair das dificuldades
que teimam em não acabar.
Por isso discordo com
Durão Barroso quando diz que a crise está ultrapassada e dou razão às dúvidas
de Mário Draghi que vê, ainda, muitas fragilidades neste percurso duro que
fazemos.
Por cá, para além de uns
indicadores levemente favoráveis que o notável esforço de alguns originou,
continuam os protestos que apenas os equívocos provocados pelos políticos podem
justificar, porque não será o povo, com certeza, quem escolherá a via do trabalho
e da solidariedade quando os políticos lhe prometem o regresso à "boa vida" que o destempero gerou e os privilégios que
ninguém explica como conseguirá conceder.
Seria a hora de um esforço conjunto para entender e explicar qual o caminho que devemos seguir. Mas parece mais entusiasmante rapar o fundo do tacho, o que melhor se consegue alcançando o poder.
Seria a hora de um esforço conjunto para entender e explicar qual o caminho que devemos seguir. Mas parece mais entusiasmante rapar o fundo do tacho, o que melhor se consegue alcançando o poder.
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