A
notícia de que um representante da Fazenda Pública do Tribunal Administrativo e
Fiscal do Porto foi apanhado a pedir 100.000 euros a um empresário, sendo a
contrapartida deixar o Estado perder processos, trouxe-me à ideia tantos casos
que a Comunicação Social tem revelado de burlas com que aquilo que é de todos
nós é defraudado por alguns.
São
tantos que nem de todos me posso lembrar nem a eles me referir com algum
pormenor. Mas quantos milhares de milhões terão sido, assim, subtraídos às
contas do Estado e nos obrigam a sacrifícios que podiam ser bem mais leves?
O
Serviço de Saúde, por exemplo, tem sido lesado pelos mais soezes assaltos, em
dinheiro, em material e em tempo que alguns, mas bastantes, dos seus servidores
dedicam à suas coisas pessoais, retirando-o ao que são os seus deveres, pelo
que, juntamente com o “espírito socialista” de gastar enquanto houver, o levou
ao ponto de parecer que está a ser destruído quando, apenas, está a ser
arrumado. Mas parece que pouco mudou ainda para o muito de que necessita mudar, porque
os roubos continuam a acontecer. Gente de todas as classes profissionais que
nele trabalham têm dado o seu repugnante contributo para a roubalheira de que
tem sido alvo.
Juntando
ao que é roubado ao Estado aquilo que, por ele, é dado sem justa razão de ser,
em suplementos, em subsídios e em mordomias, porventura encontraríamos dinheiro
suficiente para sairmos desta austeridade brutal que nos corta nos bens, na
carne e na alma!
Onde
estará uma reforma que dificulte definitivamente os roubos e acabe com os
privilégios que coabitam com a miséria elevada de tanta gente neste país? Por
onde andam os princípios morais que agora se confundem com permissividade e a destruição
daqueles que me ensinaram ser os certos e, para além disso, criam realidades que a Natureza
recusa, chamando-lhe progresso civilizacional?
Nunca ninguém falará de uma reforma que clarifique as coisas e recupere os nobres valores sociais, porque outras vias preferem os políticos para
resolver os problemas de finanças que nunca atingem os que, por eles, são os mais
culpados e tornam intocáveis os rendimentos dos que se julgam diferentes e mais
dignos de os ter e conservar!
Eu
perguntaria até, por qual razão, existem tais privilégios com que,
descaradamente, o Estado distingue os cidadãos nas classes dos que decidem e
dos que se conformam, dos que são pagos pelos que têm de trabalhar e estes que pagam sem se dar conta de como lhes é subtraído o que outros faz ricos demais.
E
lembro-me do velho ditado que diz “quem parte e reparte e não guarda para si a
melhor parte… ou é burro ou não tem arte!”
E
nesta mudança periódica, à qual chamam alternativa democrática, dos que partem e repartem, se vão escoando os poucos
valores que ainda possuímos e fazem multimilionários alguns dos pelintras de outros
tempos.
Preferia
bem mais uma reforma que tivesse como objectivo acabar com estas manigâncias
que criam tamanhas desigualdades, as quais, parece-me, a Constituição não
condena, do que aquela que Portas disse que faria mas não faz nem fará!
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