Quer a Segurança Social
quer a Caixa Geral de Aposentações têm problemas sérios que não serão facilmente
superáveis sem a tal reforma do Estado que ninguém, afinal, é capaz de fazer.
Se porque não sabem ou se porque
não querem é questão que me coloco, mas creio ser uma resposta mista aquela que
melhor corresponderá à realidade. Uns não querem e os que porventura queiram
não sabem. E aqui volto a recordar aquele referendo sobre a regionalização, de muito
má memória, que mostrou bem o desconhecimento que os políticos têm do que seja
a organização de um país.
Eu estou certo de que não
serão soluções avulsas como as que têm sido propostas ou adoptadas, num sector
ou noutro e outro, as que poderão conduzir-nos a uma situação sustentável, à
medida do que o nosso país possa suportar. Penso, até, que de tal resultará uma
confusão tremenda que a prática futura depressa irá demonstrar. Mas nesta
democracia é assim, não deu certo… vamos tentar de outro modo. Em vez de pensar, de reflectir, de cooperar que pouparia muitas desilusões e reduziria gastos.
Mas para organizar o país
será indispensável redescobri-lo, abandonando a cópia de modelos estranhos que
o descaracterizaram, para que volte a ser aquele que uma determinada gente
escolheu em conformidade com as suas características.
Tudo quanto se fizer sem
ser assim, não passará de iniciativas frustradas porque o nosso modo de viver
não pode ser igual ao dos que habitam em outros países tão diferentes do nosso.
E nisso estaria toda a riqueza do mundo onde cada país viveria do modo que lhe
fosse próprio. De resto, que sentido fará que num país cheio de sol se viva
como naqueles que quase o não têm?
Seja como for, mesmo numa
reorganização que sempre será longa, há problemas urgentes a tratar, a evitar
que atinjam dimensões excessivas como o é o problema da terceira idade e dos
reformados para o qual apenas um consenso nacional pode definir a solução
possível.
É por isso que tenho de
concordar com um pacto de regime que Seguro, pelas razões mais estranhas, ao
longo do tempo sempre tem negado.
Naquela pequena cabeça
deve passar a ideia de que o Governo é o inimigo e, por isso, colaborar com ele será ajudá-lo no caminho
para a vitória que, logicamente, impedirá a sua. É a teoria das quintinhas pela qual os ambiciosos egoístas nutrem especial simpatia!
Por isso inventa razões
como a de que Passos Coelho não é de fiar e promete apresentar o seu próprio
programa onde ao óbvio junta o ovo que a galinha ainda não pôs, mas que é, dentre
todas as medidas, aquela sem a qual as outras não resultam, o crescimento
económico.
Todos sabemos, ou
deveríamos saber, que é o crescimento económico que não é de fiar porque, por
motivos cada vez mais poderosos, se acabaram os tempos do crescimento económico
acelerado, não restando ao Homem mais do que o “crescimento” de si próprio em
função do seu mundo, exactamente o contrário do que se passa com esta
globalização que nos encaminha para a Torre de Babel em cuja construção, como
na Bíblia, jamais nos entenderemos.
Mas, mandando as normas do
sucesso político que um líder nunca deve perder a iniciativa, ele próprio tomou
a sua. E vai dai, desafia Passos Coelho para que aceite uma “comissão de
inquérito ao BES”, a proposta que julgou adequada para contrapor àquela da Reforma da Segurança Social que lhe
fora feita.
Mais uma daquelas atitudes que me mantém sem saber “o
que tem a ver o cu com as calças” porque será outra iniciativa votada ao insucesso,
como o de tantas comissões que já se fizeram, com resultados que nunca justificam
o dinheiro que que por elas pagámos, porque não é na febre que está o mal mas na infecção que
a provoca. E a infecção não está no BES!
E assim se vai fazendo a
política em Portugal.
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