ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 17 de agosto de 2014

D. SEGURO E A TORRE DE BABEL

Quer a Segurança Social quer a Caixa Geral de Aposentações têm problemas sérios que não serão facilmente superáveis sem a tal reforma do Estado que ninguém, afinal, é capaz de fazer.
Se porque não sabem ou se porque não querem é questão que me coloco, mas creio ser uma resposta mista aquela que melhor corresponderá à realidade. Uns não querem e os que porventura queiram não sabem. E aqui volto a recordar aquele referendo sobre a regionalização, de muito má memória, que mostrou bem o desconhecimento que os políticos têm do que seja a organização de um país.
Eu estou certo de que não serão soluções avulsas como as que têm sido propostas ou adoptadas, num sector ou noutro e outro, as que poderão conduzir-nos a uma situação sustentável, à medida do que o nosso país possa suportar. Penso, até, que de tal resultará uma confusão tremenda que a prática futura depressa irá demonstrar. Mas nesta democracia é assim, não deu certo… vamos tentar de outro modo. Em vez de pensar, de reflectir, de cooperar que pouparia muitas desilusões e reduziria gastos.
Mas para organizar o país será indispensável redescobri-lo, abandonando a cópia de modelos estranhos que o descaracterizaram, para que volte a ser aquele que uma determinada gente escolheu em conformidade com as suas características.
Tudo quanto se fizer sem ser assim, não passará de iniciativas frustradas porque o nosso modo de viver não pode ser igual ao dos que habitam em outros países tão diferentes do nosso. E nisso estaria toda a riqueza do mundo onde cada país viveria do modo que lhe fosse próprio. De resto, que sentido fará que num país cheio de sol se viva como naqueles que quase o não têm?
Seja como for, mesmo numa reorganização que sempre será longa, há problemas urgentes a tratar, a evitar que atinjam dimensões excessivas como o é o problema da terceira idade e dos reformados para o qual apenas um consenso nacional pode definir a solução possível.
É por isso que tenho de concordar com um pacto de regime que Seguro, pelas razões mais estranhas, ao longo do tempo sempre tem negado.
Naquela pequena cabeça deve passar a ideia de que o Governo é o inimigo e, por isso, colaborar com ele será ajudá-lo no caminho para a vitória que, logicamente, impedirá a sua. É a teoria das quintinhas pela qual os ambiciosos egoístas nutrem especial simpatia!
Por isso inventa razões como a de que Passos Coelho não é de fiar e promete apresentar o seu próprio programa onde ao óbvio junta o ovo que a galinha ainda não pôs, mas que é, dentre todas as medidas, aquela sem a qual as outras não resultam, o crescimento económico.
Todos sabemos, ou deveríamos saber, que é o crescimento económico que não é de fiar porque, por motivos cada vez mais poderosos, se acabaram os tempos do crescimento económico acelerado, não restando ao Homem mais do que o “crescimento” de si próprio em função do seu mundo, exactamente o contrário do que se passa com esta globalização que nos encaminha para a Torre de Babel em cuja construção, como na Bíblia, jamais nos entenderemos.
Mas, mandando as normas do sucesso político que um líder nunca deve perder a iniciativa, ele próprio tomou a sua. E vai dai, desafia Passos Coelho para que aceite uma “comissão de inquérito ao BES”, a proposta que julgou adequada para contrapor àquela da Reforma da Segurança Social que lhe fora feita.
Mais uma daquelas atitudes que me mantém sem saber “o que tem a ver o cu com as calças” porque será outra iniciativa votada ao insucesso, como o de tantas comissões que já se fizeram, com resultados que nunca justificam o dinheiro que que por elas pagámos, porque não é na febre que está o mal mas na infecção que a provoca. E a infecção não está no BES!
E assim se vai fazendo a política em Portugal.


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