A discussão mundial sobre
questões ambientais é já um folhetim longo, muito longo e ridículo em que os
países parecem fingir discutir questões da maior importância para a Humanidade
sem, contudo, conseguirem libertar o seu pensamento das questões económicas
imediatas das quais depende o sucesso ou o insucesso da acção política de cada
um e, por isso, são a sua real preocupação.
Desde a Conferência de
Estocolmo, em 1972, quando os danos ambientais causados pelo nosso modo de vida
eram já muito difíceis de ocultar e o princípio “poluição ou miséria” impossível
de manter, diversas outras se fizeram, com especial relevo para a tão badalada
Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro em 1992, onde, ao mais alto nível, seriam
discutidos os sérios problemas que a intensa actividade económica já havia
criado e que, por serem graves demais, mereciam a atenção dos responsáveis
maiores pela política em todo o Planeta que, ali, debateriam as soluções a adoptar.
Outras se seguiram, como a
segunda cimeira do Rio, vinte anos depois, na qual foi possível verificar a
quase nulidade no alcance das metas antes definidas e das atitudes que a
anterior conferência havia decidido, bem como outras se seguirão, como a que a
ONU tem em preparação sobre as mudanças climáticas sobra a qual li a notícia de
que António Vitorino e Santana Lopes debateram, na Rádio Renascença, a
necessidade de um debate europeu sobre as questões climatéricas e a forma
rentável de reduzir o efeito de estufa.
Não
ouvi o debate em directo mas os resumos dos noticiários terão sido bastantes
para reforçarem a minha certeza de que os políticos continuam muito longe da
compreensão da gravidade e da essência do problema ambiental global, do qual
pretendem, agora, destacar as mudanças climáticas, talvez por ser aquele cujos
efeitos se tornaram mais visíveis e mais sentidos nos últimos tempos, com
efeitos que afectarão gravemente a economia e, até, o nosso modo de viver.
Ainda
não entenderam o problema como um todo e como essencial para a própria
sobrevivência da Humanidade já comprometida por alterações climatéricas e outros
aspectos em que a degradação ambiental se manifesta, algumas já impossíveis de
reverter mesmo que fossem tomadas e cumpridas as decisões que desde há muito tempo
se impõem mas que, de cimeira em cimeira, se vão reduzindo a mínimos, a
atitudes menores que, como a realidade tem mostrado, não conseguem abrandar o
agravamento de uma degradação ambiental que se mantém num crescendo já muito
difícil de conter.
Haverá
que entender, antes de mais, que os problemas ambientais graves não têm
fronteiras e, por isso, se não resolvem com medidas caseiras, regionais,
nacionais ou continentais porque o problema não tem fronteiras e, por isso, a sua solução, na medida ainda possível, terá
de resultar de um compromisso universal por todos cumprido sem sem hesitações, sem a
displicência hipócrita dos que manifestam as suas preocupações, se comprometem
com acordos feitos mas continuam a cuspir para o chão. Os outros que não cuspam!
No
final, até acho uma certa graça à inocência de alguns que julgam estar
informados pelas breves leituras cruzadas que vão fazendo de um texto ou outro e
cujo conhecimento pretendem mostrar em frases e ideias feitas que plagiam, ou
nem isso até, mas que, de certeza, os não retiram do âmbito da ignorância
ambiental dos políticos que insistem nos erros que causarão mais problemas que,
depois, julgam poder corrigir! Mas esse tempo já passou, pois já não é mais
possível a certeza de que o Homem sempre saberá resolver todos os problemas com
que deparar.
Mas
rio-me quando até Mário Soares escreve sobre um assunto do qual, aposto, nem
ideia terá do que será na verdade.
E,
como é natural, para além dos efeitos que vamos suportando das mudanças num um
mundo onde a vida se torna cada vez mais difícil, vão sucedendo os “estoiros
dos impérios” que a ilusão, a ambição sem limites e a corrupção foram criando.
Não resultará, com certeza, esta técnica de ir escorando ruínas para atrasar a sua inevitável queda.
E
ainda a procissão vai no adro… Não resultará, com certeza, esta técnica de ir escorando ruínas para atrasar a sua inevitável queda.
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