ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 2 de agosto de 2014

ENTRE A PRESUNÇÃO E A REALIDADE

A discussão mundial sobre questões ambientais é já um folhetim longo, muito longo e ridículo em que os países parecem fingir discutir questões da maior importância para a Humanidade sem, contudo, conseguirem libertar o seu pensamento das questões económicas imediatas das quais depende o sucesso ou o insucesso da acção política de cada um e, por isso, são a sua real preocupação.
Desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, quando os danos ambientais causados pelo nosso modo de vida eram já muito difíceis de ocultar e o princípio “poluição ou miséria” impossível de manter, diversas outras se fizeram, com especial relevo para a tão badalada Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro em 1992, onde, ao mais alto nível, seriam discutidos os sérios problemas que a intensa actividade económica já havia criado e que, por serem graves demais, mereciam a atenção dos responsáveis maiores pela política em todo o Planeta que, ali, debateriam as soluções a adoptar.
Outras se seguiram, como a segunda cimeira do Rio, vinte anos depois, na qual foi possível verificar a quase nulidade no alcance das metas antes definidas e das atitudes que a anterior conferência havia decidido, bem como outras se seguirão, como a que a ONU tem em preparação sobre as mudanças climáticas sobra a qual li a notícia de que António Vitorino e Santana Lopes debateram, na Rádio Renascença, a necessidade de um debate europeu sobre as questões climatéricas e a forma rentável de reduzir o efeito de estufa.
Não ouvi o debate em directo mas os resumos dos noticiários terão sido bastantes para reforçarem a minha certeza de que os políticos continuam muito longe da compreensão da gravidade e da essência do problema ambiental global, do qual pretendem, agora, destacar as mudanças climáticas, talvez por ser aquele cujos efeitos se tornaram mais visíveis e mais sentidos nos últimos tempos, com efeitos que afectarão gravemente a economia e, até, o nosso modo de viver.
Ainda não entenderam o problema como um todo e como essencial para a própria sobrevivência da Humanidade já comprometida por alterações climatéricas e outros aspectos em que a degradação ambiental se manifesta, algumas já impossíveis de reverter mesmo que fossem tomadas e cumpridas as decisões que desde há muito tempo se impõem mas que, de cimeira em cimeira, se vão reduzindo a mínimos, a atitudes menores que, como a realidade tem mostrado, não conseguem abrandar o agravamento de uma degradação ambiental que se mantém num crescendo já muito difícil de conter.
Haverá que entender, antes de mais, que os problemas ambientais graves não têm fronteiras e, por isso, se não resolvem com medidas caseiras, regionais, nacionais ou continentais porque o problema não tem fronteiras e, por isso, a sua solução, na medida ainda possível, terá de resultar de um compromisso universal por todos cumprido sem sem hesitações, sem a displicência hipócrita dos que manifestam as suas preocupações, se comprometem com acordos feitos mas continuam a cuspir para o chão. Os outros que não cuspam!
No final, até acho uma certa graça à inocência de alguns que julgam estar informados pelas breves leituras cruzadas que vão fazendo de um texto ou outro e cujo conhecimento pretendem mostrar em frases e ideias feitas que plagiam, ou nem isso até, mas que, de certeza, os não retiram do âmbito da ignorância ambiental dos políticos que insistem nos erros que causarão mais problemas que, depois, julgam poder corrigir! Mas esse tempo já passou, pois já não é mais possível a certeza de que o Homem sempre saberá resolver todos os problemas com que deparar.
Mas rio-me quando até Mário Soares escreve sobre um assunto do qual, aposto, nem ideia terá do que será na verdade.
E, como é natural, para além dos efeitos que vamos suportando das mudanças num um mundo onde a vida se torna cada vez mais difícil, vão sucedendo os “estoiros dos impérios” que a ilusão, a ambição sem limites e a corrupção foram criando.
Não resultará, com certeza, esta técnica de ir escorando ruínas para atrasar a sua inevitável queda.
E ainda a procissão vai no adro… 




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