Achei interessante um
trabalho que encontrei, executado pela Marktest a partir dos resultados de
sondagens feitas por diversas entidades entre Outubro de 2009 a Maio de 2014.
A partir desses resultados
foram traçadas curvas de evolução das intenções de escolha dos eleitores
incluídos nas amostras para sondagem, as quais são representadas,
cronologicamente, pelos pontos visíveis no gráfico, “posicionadas segundo o
último dia da recolha de informação”.
As curvas que representam
a evolução das intenções de voto ao longo do tempo são, segundo indicação da
Marktest, “obtidas pelas médias mensais para cada partido e posicionadas no
meio do mês”.
A Marktest apresenta, em
outros gráficos, os resultados de cada sondagem considerada e, também, algumas
das suas características que justificarão a dispersão de resultados pontuais
assinalados.
Não sendo um estudo
cientificamente perfeito em consequência dos elementos a partir dos quais é
feito, é, no entanto, um estudo interessante do qual resulta uma representação
gráfica da evolução da apreciação popular das actuações dos vários partidos com
assento parlamentar.
O documento publicado na
net ao qual tive acesso não inclui qualquer análise dos gráficos apresentados,
o que me pareceria ser o mais interessante de tudo.
Tal análise detalhada não
caberia aqui nem estaria ao meu alcance com a informação de que disponho. Seria
interessante, por exemplo, relacionar os resultados apresentados com a
cronologia de factos marcantes como decisões do Governo, manifestações e outos
factos relevantes.
Em todo o caso, algumas
observações poderão ser feitas a partir do gráfico apresentado.
Em primeiro lugar a persistência
da predominância de PS e PSD no panorama político português, bem distanciados
dos demais, o que dificilmente se alterará nas próximas eleições apesar da
intromissão de Marinho Pinto que, tal como outrora aconteceu com o PRD, poderá
conduzir a algumas alterações mais ou menos significativas na medida em que
possa arrecadar o descontentamento de muitos eleitores, incluindo possíveis
votantes no PS onde duas tendências bem diferenciadas se degladiam num
confronto que, tudo leva a crer, se irá agravar.
Não creio, no entanto, que
o fenómeno Marinho Pinto seja mais duradouro do que o foi o PRD, por não
significar uma mudança efectiva na política tradicional de construção do futuro,
porque se limita a explorar as fraquezas comportamentais dos demais partidos.
Este fenómeno dificultará
ainda mais a possibilidade de uma maioria absoluta sem a qual o país será, pela
tradicional falta de espírito de compromisso e da menorização dos interesses
nacionais em relação aos interesses individuais, verdadeiramente ingovernável.
Por isso não se enxerga qualquer tendência para uma maioria sólida, seja a da
coligação PSD/CDS ou do PS a que alguns trânsfugas do PSD parece se prepararem
para integrar.
Repare-se que quando se
reduz, em Maio de 2014, a distância entre PS e PSD, a dispersão de resultados
relativos aos PSD e, muito maior do que a relativa às intenções de voto no PS
que se mantêm muito próximas nas diversas sondagens, o que pode significar que
o distanciamento é bem menor do que as linhas “médias” traçadas possam sugerir.
Pelo que se vê, em algumas
sondagens a diferença é muito pequena, da ordem de 2 pontos percentuais, o que
pode significar uma tendência de inversão ao longo dos próximos meses, agora
que a campanha eleitoral parece ter mesmo começado.
Seja como for, não acredito
em qualquer maioria absoluta estável, susceptível de levar por diante uma
legislatura que seria a da consolidação e aproveitamento dos resultados desta
de maior austeridade que poderia atenuar-se, o que me preocupa quanto aos
possíveis retrocessos que possam vir a verificar-se, com todos os
inconvenientes que sentiremos na vida de cada um de nós.
Tudo isto, infelizmente,
não passa de pormenores divertidos que passam ao lado de uma realidade muito
crítica que os nossos políticos ainda não compreenderam.
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