Tentei ser um bom professor enquanto o fui. Por isso,
ao longo dos muitos anos, aprendi que ser professor não é fácil porque, para
além do domínio das matérias que tem de leccionar, ao professor são exigidas
outras capacidades que vão muito para além disso.
Ser professor é uma profissão
exigente de capacidades que, como é natural, nem todos possuem. Por isso, ser bom professor
não está ao alcance de qualquer licenciado, mesmo até dos melhores, pelo que
ser professor não é uma alternativa a outra qualquer ocupação para os conhecimentos
científicos que possuam. É, por isso, necessário que entre os disponíveis sejam
escolhidos os mais aptos para formar os futuros profissionais que não são,
necessariamente, altamente qualificados como agora é costume dizer-se, quando concluíram
o seu curso superior! Devem estar, pela formação que receberam, bem preparados
para o virem a ser.,
Não fui professor do nível de
ensino em que este problema dos “exames dos professores” tem sido causa de uma enorme
contestação dirigida por alguém que, ao que me dizem, talvez nem no exame de
conhecimentos científicos já passasse, tão longo é já o seu afastamento da
profissão. Mas ser professor tem um denominador comum, seja o nível de ensino
qual for, e que é, para além de ensinar as matérias, despertar nos alunos as
capacidades de compreensão e de criatividade que farão deles candidatos a profissionais
competentes em vez de depósitos de conhecimentos mal alinhavados.
É por isto que o argumento de o
Estado por em causa uma formação que já reconheceu, para dizer que o exame de
admissão à profissão, digamos assim, não faz sentido, não passa de um argumento falacioso que cai bem nos oportunistas. Ensinar é mais do que
debitar matéria, o que qualquer livro tranquilamente faria.
Então por que será que, havendo
livros, existem professores? Para fazerem testes e exames? Seria muito pouco!
Aos professores compete fazer o
que ainda não encontrei qualquer livro capaz de fazer: ensinar a pensar e a utilizar com inteligência os conhecimentos que adquiriram.
É por isso que aqueles exames tão
criticados pelos patrões da FENPROF, exames que avaliam as capacidades de
compreensão e de interpretação em vez dos conhecimentos científicos que já
foram objecto de avaliação nas escolas em que receberam formação, são os que,
realmente, podem testar a capacidade de alguém para ensinar.
Os resultados dos exames que,
recentemente, tiveram lugar, dão uma medida pouco abonatória da capacidade média dos
nossos professores do ensino secundário.
Divulgados nesta segunda-feira,
revelam que cerca de 15% não possuem aptidões para ensinar, não indo a média
das classificações dos aprovados, numa escala de 1 a 100, além de um pouco
meritório 63,3%!
Cada qual que tire as suas
conclusões!
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