O caso BES continua, sem
dúvida, a ser o tema maior de crónicas, de entrevistas, de programas de
opinião. Quase parece que, se o caso BES não existisse, nada mais de relevante
se passaria na vida deste país de génios que, com milhões de razões rebuscadas
e cujo maior mérito é tornar ainda maior a confusão na cabeça de quem gostaria
de saber o que fazer perante os problemas que a situação lhe coloca, conseguem
a proeza de explicar por que a decisão encontrada foi muito má sem deixar a
mínima pista sobre qual seria a boa!
O que é estranho, porque
sendo o bom e o mau, o belo e o feio, o duro e o mole, o grande e o pequeno,
conceitos relativos que, por isso, não podem existir só por si, terá de haver
uma referência que permita avaliá-los como seria, no caso do BES, dizer qual
seria a solução boa. A não ser assim, como não é, será noutros termos que o
caso terá de ser apreciado e para ele encontrada, dentre as soluções possíveis,
a que, bem ponderadas as coisas, mais convenha ou seja mais justa.
Alguém tirou proveitos
ilegais das acções praticadas, com o que prejudicou muita gente e poderá, eventualmente,
prejudicar muita mais. Este seria, sim, o tema a debater, a situação a
esclarecer numa atitude de justiça que, de outro modo, se torna num mero caso
político que as forças que disputam o poder orientam ou distorcem do modo que
melhor lhes convier.
Neste caso, por exemplo,
enquanto uns se esforçam para minimizar o prejuízo dos contribuintes que pode e
deve acontecer, parece ser o contrário que a outros mais convém para que vingue
a sua tese de um governo incapaz que terá de ser mudado!
Deste modo, onde ficam os
interesses de todos nós que poderemos ter pela frente mais um descalabro que
tornará mais complicada a nossa vida? Mesmo assim, vamos na conversa de uns ou
de outros que até poderemos apoiar, convencidos de que serão os melhores, mas
sempre esquecidos das picardias que já nos fizeram. Das quais nem a maioria de
nós terá dado conta!
Talvez fosse bom que
abríssemos os olhos!
É mais do que óbvio que dizer
mal se tornou uma arte de grande impacto, talvez porque a de dizer bem não trás
proveitos. Por isso, se aperfeiçoou ao ponto de me espantar o grande número de excelentes
especialistas que existem num país onde, pelos vistos, sempre escolhemos os
mais toscos para nos governarem!
Ou será que se pode
adaptar um certo dito que passará a ser “quem pensa que sabe, faz, quem não sabe mesmo, comenta”?
Parece até que, como acontece na história do viver mais comum, uns fazem a porcaria depois dos banquetes em que engordaram e outros nela esgravatam para sobreviver.
Depois, acontece esta onda de mau cheiro que temos de suportar.
Depois, acontece esta onda de mau cheiro que temos de suportar.
O que seria de certa
imprensa ou televisão se estes casos não existissem? Ficariam sem audiências de
milhões, tal como acabariam as revistas cor-de-rosa se acabassem os escândalos
em que os famosos são peritos em chamar, sobre si, as atenções.
No caso BES tudo perece
ser escalpelizado ao pormenor mas, mesmo assim, seja porque alguma coisa fica por
dizer ou algum nome fica por citar, na estória continuam abertos enormes buracos.
Tal como no caso BPN, por
onde andam os beneficiários TODOS das trafulhices feitas? Onde está o dinheiro que eles
arrecadaram? Num off-shore qualquer, obviamente. Nós limitámo-nos a ficar com
os cinquenta milhões que os angolanos nos quiseram dar por aquele negócio de
embusteiros que nos está a custar muitos e muitos milhares de milhões.
E, para os esclarecidos
comentadores, fica o mais fácil de investigar, porque está à vista de todos.
Tal como o pobre mexilhão que tem de aguentar os impactos das vagas do mar enfurecido,
para o Zé fica o ónus de tapar o buraco de onde os espertalhões tiraram a terra
com que fizeram crescer os seus montes!
E se fizéssemos sair todos
os ratos das tocas? Não seria isso que deveríamos esperar que fizessem os que,
dizendo-se nossos representantes, enchem a Assembleia da república onde ganham muito
bem e almoçam magnificamente?
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