Eu escutei, sem preconceitos, o representante dos pilotos que, exaustivamente, procurou explicar a
razão por que fizeram uma greve que provocou prejuízos materiais, directos e imediatos,
de elevado valor, além de outros que provocou a terceiros e dos reflexos que,
no futuro, poderá ter quanto à confiança nos serviços que a empresa presta.
Francamente, esta greve pareceu-me
mais um “meter a foice em seara alheia” do que a defesa de direitos porque,
pelos vistos, nada teve a ver com questões laborais mas, como os próprios dizem,
é uma manifestação contra decisões da administração da empresa, opções de negócios
e de investimentos que fez.
Eu gostava de pensar que
está certo proceder assim com a total e completa discrição que a Constituição
concede, a de os trabalhadores poderem fazer greve no momento e pelas razões
que entenderem. Mas não estou!
Uma greve sempre acarreta
prejuízos, muitas vezes excessivos e também irreparáveis pelo que, sobretudo quando haja problemas económico-financeiros
graves como agora existem, deveria ser uma atitude muito cautelosa e apenas
posta em prática quando outras iniciativas, sobretudo negociais, não obtiverem
resultados. Mais do que isso, tal como existe um tribunal que avalia e decide
questões dúbias de constitucionalidade, igualmente deveria existir algo que
avaliasse as justificações das greves, antes das quais promoveria os possíveis entendimentos
que as evitassem.
Pelo que tenho visto e
penso que toda a gente também, desde há muito tempo a greve tem sido mais uma
arma política do que a protecção dos direitos dos que trabalham por conta de
outrem que deveria ser.
Raramente me dou conta de
uma greve numa empresa onde questões que confrontem patrões e trabalhadores
obriguem a atitudes de força que sempre prejudicam alguém. As greves em
Portugal passaram a ser uma “arte” manipulada por forças a quem tais atitudes
convêm o que, nitidamente, perverte a justiça de um acto cívico que passa a
extravasar os seus naturais objectivos.
Tudo tem regras menos as
greves que as não têm, a não ser a obrigatoriedade de um pré-aviso. Parece-me
pouco para tantos prejuízos que causam e tão poucas vantagens que alcançam.
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