ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 16 de fevereiro de 2014

A “PRAXE” DO MECO

Depois de tudo o que já foi noticiado a propósito do incidente trágico que causou a morte a seis jovens estudantes universitários na Praia do Meco, fica a sensação de uma cena lamentavelmente estúpida que jamais algum propósito de integração no meio académico pode justificar.
Eu sei que os tempos mudaram e, com eles, o modo como se fazem as coisas e, mesmo até, a intenção com que se fazem. Mas jamais esperaria que a “praxe” académica tivesse mudado tanto, evoluindo de procedimentos ocasionais e divertidos, próprios da juventude, até rituais definidos e impostos por organizações permanentes com “dignitários” a cujos caprichos os caloiros a que chamam “bestas” ou algo parecido e candidatos a igual dignidade se submetem de um modo aviltante.
Nestes casos, a intenção parece não ser mais do que a humilhação ou o abuso que, naturalmente, não pode fazer com que se sinta bem aquele que se pretende integrar.
Por estas razões, parecem estar seriamente comprometidos, no julgamento público, os responsáveis por tais práticas praxistas e, no caso da tragédia do Meco, o “dux” que terá promovido o fim de semana que terminou com as mortes de todos os seus “subordinados”.
Mas, mesmo assim, não será fácil de admitir que a morte seja o limite da “humilhação” a que este tipo de praxe possa conduzir, o que não significa que se não deva tentar esclarecer o que se passou bem como avaliar as culpas que, porventura, houver.
Em todo o caso, parece certo que as famílias dos jovens falecidos tentarão que a Justiça lhes dê respostas sobre o que se tenha passado, apesar das dificuldades que o caso apresenta e, se for aceite, o tornarão longo e de decisão complicada.

Mas não será de perder a oportunidade para, de vez, esclarecer e regulamentar, criteriosamente, esta questão das praxes académicas que deverão conformar-se com a intenção, exclusiva, de integração dos caloiros na vida universitária e não ser, como já foi em casos demais e terá sido, ou não, no caso do Meco, uma violência ou uma afronta à dignidade e à vida dos praxados.


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