Depois de tudo o que já
foi noticiado a propósito do incidente trágico que causou a morte a seis jovens
estudantes universitários na Praia do Meco, fica a sensação de uma cena
lamentavelmente estúpida que jamais algum propósito de integração no meio
académico pode justificar.
Eu sei que os tempos
mudaram e, com eles, o modo como se fazem as coisas e, mesmo até, a intenção
com que se fazem. Mas jamais esperaria que a “praxe” académica tivesse mudado
tanto, evoluindo de procedimentos ocasionais e divertidos, próprios da
juventude, até rituais definidos e impostos por organizações permanentes com “dignitários”
a cujos caprichos os caloiros a que chamam “bestas” ou algo parecido e candidatos
a igual dignidade se submetem de um modo aviltante.
Nestes casos, a intenção
parece não ser mais do que a humilhação ou o abuso que, naturalmente, não pode
fazer com que se sinta bem aquele que se pretende integrar.
Por estas razões, parecem
estar seriamente comprometidos, no julgamento público, os responsáveis por tais
práticas praxistas e, no caso da tragédia do Meco, o “dux” que terá promovido
o fim de semana que terminou com as mortes de todos os seus “subordinados”.
Mas, mesmo assim, não será
fácil de admitir que a morte seja o limite da “humilhação” a que este tipo de
praxe possa conduzir, o que não significa que se não deva tentar esclarecer o
que se passou bem como avaliar as culpas que, porventura, houver.
Em todo o caso, parece
certo que as famílias dos jovens falecidos tentarão que a Justiça lhes dê
respostas sobre o que se tenha passado, apesar das dificuldades que o caso
apresenta e, se for aceite, o tornarão longo e de decisão complicada.
Mas não será de perder a
oportunidade para, de vez, esclarecer e regulamentar, criteriosamente, esta
questão das praxes académicas que deverão conformar-se com a intenção, exclusiva,
de integração dos caloiros na vida universitária e não ser, como já foi em
casos demais e terá sido, ou não, no caso do Meco, uma violência ou uma afronta
à dignidade e à vida dos praxados.
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