Enquanto o Financial Times
aponta Portugal como o herói inesperado da retoma europeia, apontando as
exportações e o turismo como os sectores mais influentes, a Ministra das
Finanças alerta para a necessidade de controlo financeiro ainda ao longo de
muitos anos, receando que os sucessos já alcançados possam levar a crer estarem
passados os problemas que nos obrigaram à austeridade a que loucuras passadas
nos condenaram.
Eu diria que não será por
muitos anos, mas para sempre, que Portugal terá de controlar os seus gastos e,
mais do que isso, terá de deixar de ser perdulário no aproveitamento dos seus
recursos naturais.
Hoje, amanhã ou daqui a
muitos anos, os descuidos ou as atitudes demagógicas que levem a gastar mais do
que os proveitos que a Natureza e o esforço permitam, sempre terá como
consequência o descalabro a que o desprezo pela realidade dá lugar.
É este um ponto essencial
do entendimento que tenho do estertor final desta economia consumista que, por egoísmo
e ganância dos que dela se aproveitam, se alimenta dos vícios que facilmente
adquirem e do comodismo a que rapidamente se acostumam os que produzem o trabalho
produtivo do qual resulta a riqueza de que os especuladores, habilmente, se
apropriam.
Portugal não tem dimensão territorial
nem população que lhe permita ter algum peso significativo na economia global
ou apenas europeia, de que ficará, de novo, refém quando a procura interna
crescer sem que a produção interna a satisfaça, quando, de novo, julgarmos
poder manter as “conquistas” em vez de nos entregarmos ao trabalho que a
criação de riqueza exige.
É, por isso, que me
espanta, ou talvez não, o pouco esforço que se investe no aproveitamento de
tantos recursos, continentais e marítimos, sempre tão falados mas
continuadamente desprezados. São temas de propaganda mas jamais campos de acção
que deles retire as riquezas que poderiam gerar pelo esforço que, pelos vistos,
não estamos dispostos a fazer.
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