Quando acontece a expulsão
de um “histórico” e fundador de um partido político, no caso um dos “barões” do
PSD, António Capucho, é caso para perguntar “mas que raio se passa”?
Mas melhor será perguntar
o que se passa, globalmente, no PSD onde parece que uma nova geração substituiu
a antiga que, decerto por isso, se mostra revoltada e decidiu publicamente dar
conta das suas frustrações, numa postura de rebelião e numa campanha de crítica
que não é fácil de aceitar como procedimentos próprios de militantes de um
partido democrático.
Um partido não deve ser,
obviamente, um grupo de seguidores de ideias feitas que se movem como um
regimento que volta á direita, à esquerda, pára ou avança conforme lhe é
ordenado, porque não se justificam, num partido político, os métodos que são
próprios de outras organizações em que a “ordem unida” e a obediência são
indispensáveis.
Num partido político
discutem-se ideias, programas, planos, procedimentos, no que todos devem,
democraticamente, participar com o propósito de melhorar uma acção comum
ajustada às circunstâncias. Tudo se deve discutir no seio do Partido que,
apenas deste modo, se constitui no polo de reflexão que aprimora as ideias em que
baseia as propostas que, em cada momento, os eleitores considerem como as
melhores para o país.
Não faz, pois, qualquer
sentido o que se passa no PSD que, em conformidade com os seus regulamentos,
elegeu os seus órgãos directivos, aos quais, por isso, todos os demais deveriam
prestar a sua colaboração crítica interna em vez das atitudes de confronto que, publicamente,
assumem. Menos sentido faz, ainda, que tomem atitudes de oposição em actos
eleitorais, como aconteceu com os militantes agora expulsos, entre os quais
António Capucho, porque ser militante de um partido requer respeito pelos princípios
de ética que os regulamentos definem, sem os quais o partido não passaria de um
ajuntamento!
O mesmo me parece passar-se em outros partidos onde são visíveis e nítidas fracturas que, mais cedo ou mais tarde, provocarão divisões.
O mesmo me parece passar-se em outros partidos onde são visíveis e nítidas fracturas que, mais cedo ou mais tarde, provocarão divisões.
Signifique isso o que
significar, tenha as consequências que tiver, as expulsões no PSD apenas formalizam a
exclusão de que os próprios tiveram a iniciativa. Isto é, a expulsão não passa
da formalização de uma situação de facto, dispensável se quem se não revê nas
políticas do partido ou se não conforma com as mudanças a que o tempo sempre dá
lugar, lutasse internamente pelas suas ideias e pelos seus princípios ou, por
sua iniciativa, se afastasse.
O tempo é inexorável nas
mudanças que provoca, às quais os políticos sentem enormes dificuldades em se
adaptar. É, pois, natural, que coisas assim aconteçam e, mesmo até, que as
tensões que, a cada dia, mais óbvias se tornam no quadro político actual, seja
o partido qual for, acabem por transformá-lo com novos arranjos que melhor se
adaptem às circunstâncias naturais que não é possível continuar a ignorar.
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