ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

AS LUTAS DE GALOS E AS MUDANÇAS INEVITÁVEIS

Quando acontece a expulsão de um “histórico” e fundador de um partido político, no caso um dos “barões” do PSD, António Capucho, é caso para perguntar “mas que raio se passa”?
Mas melhor será perguntar o que se passa, globalmente, no PSD onde parece que uma nova geração substituiu a antiga que, decerto por isso, se mostra revoltada e decidiu publicamente dar conta das suas frustrações, numa postura de rebelião e numa campanha de crítica que não é fácil de aceitar como procedimentos próprios de militantes de um partido democrático.
Um partido não deve ser, obviamente, um grupo de seguidores de ideias feitas que se movem como um regimento que volta á direita, à esquerda, pára ou avança conforme lhe é ordenado, porque não se justificam, num partido político, os métodos que são próprios de outras organizações em que a “ordem unida” e a obediência são indispensáveis.
Num partido político discutem-se ideias, programas, planos, procedimentos, no que todos devem, democraticamente, participar com o propósito de melhorar uma acção comum ajustada às circunstâncias. Tudo se deve discutir no seio do Partido que, apenas deste modo, se constitui no polo de reflexão que aprimora as ideias em que baseia as propostas que, em cada momento, os eleitores considerem como as melhores para o país.
Não faz, pois, qualquer sentido o que se passa no PSD que, em conformidade com os seus regulamentos, elegeu os seus órgãos directivos, aos quais, por isso, todos os demais deveriam prestar a sua colaboração crítica interna em vez das atitudes de confronto que, publicamente, assumem. Menos sentido faz, ainda, que tomem atitudes de oposição em actos eleitorais, como aconteceu com os militantes agora expulsos, entre os quais António Capucho, porque ser militante de um partido requer respeito pelos princípios de ética que os regulamentos definem, sem os quais o partido não passaria de um ajuntamento!
O mesmo me parece passar-se em outros partidos onde são visíveis e nítidas fracturas que, mais cedo ou mais tarde, provocarão divisões. 
Signifique isso o que significar, tenha as consequências que tiver, as expulsões no PSD apenas formalizam a exclusão de que os próprios tiveram a iniciativa. Isto é, a expulsão não passa da formalização de uma situação de facto, dispensável se quem se não revê nas políticas do partido ou se não conforma com as mudanças a que o tempo sempre dá lugar, lutasse internamente pelas suas ideias e pelos seus princípios ou, por sua iniciativa, se afastasse.
O tempo é inexorável nas mudanças que provoca, às quais os políticos sentem enormes dificuldades em se adaptar. É, pois, natural, que coisas assim aconteçam e, mesmo até, que as tensões que, a cada dia, mais óbvias se tornam no quadro político actual, seja o partido qual for, acabem por transformá-lo com novos arranjos que melhor se adaptem às circunstâncias naturais que não é possível continuar a ignorar.


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