O referendo que fez saber
que a maioria dos suíços pretende que sejam estabelecidas quotas de imigrantes
no país, contrariando o acordo com a União Europeia que estabelece o direito de
livre circulação, dá conta da preocupação com que, mesmo nos países com
economias consideradas mais sólidas, se olha o futuro que, dia após dia, nos
faz temer cada vez mais sérias consequências das más práticas do passado.
Não sei, ainda, que consequências
terá o acolhimento do resultado deste referendo mas, por certo, diversas se
verificarão no relacionamento com o resto da Europa onde, também, a xenofobia,
contrária ao espírito de união, se reforça nas preocupações pela inutilidade dos
esforços para manter o vigor de uma economia cuja globalização está a dar muito
maus resultados.
Por aqui, muito se tem
falado da emigração à qual, dizem também, este governo forçou os portugueses
que, sem emprego na sua terra, têm de demandar novas paragens para conseguir o
que lhes permitirá viver. Mas pouco ou nada se tem dito do possível sucesso ou
insucesso dos que emigraram, preferindo considera-los “problemas” dos quais nos
livrámos e que, estatisticamente, ajudam a melhorar indicadores e a acrescentar
alguma coisinha ao minguado quinhão que, do pouco que temos, a cada um dos que
ficaram passa a caber.
Mas, pelas notícias que,
de fora, me chegam sobre a austeridade e o desemprego que, afinal, não são “privilégios”
do nosso país, fico a pensar no que acontecerá quando o que começa a parecer
uma inevitabilidade vier a acontecer, a possibilidade do regresso em massa dos
que partiram à procura de condições que, por todo o lado, já rareiam.
O reforço de uma “direita
xenófoba” que, por toda a Europa, se robustece, faz crescer as dúvidas sobre o
futuro de uma União que se constituiu e cresceu com pouca convicção de o vir a
ser. O que sempre me pareceu.
Abrimos melhor os olhos e
apercebemo-nos de enormes dificuldades que se aproximam e, definitivamente, nos
farão ver como são ôcas e cínicas as promessas de um futuro melhor baseado em
direitos e em conquistas que nada pode sustentar senão o trabalho árduo a que a
vida obriga.
Desse trabalho há, sem
dúvida, muito por aqui. Mas há poucos que o queiram fazer. Esta é a questão!
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