Pode parecer embirração
minha, mas não consigo encontrar uma razão séria e inteligente para a
preferência que as sondagens atribuem ao PS de Seguro, por força dos lugares
comuns de que o líder socialista se serve no seu estéril discurso político, debitando
princípios e vulgaridades que bem poderiam constar de um qualquer compêndio de
economia para totós.
Mais uma vez a minha boca
se abriu de espanto perante as suas declarações no Lisbon Summit, em Cascais
onde, peremptoriamente, afirmou que o que o separa do Governo é a estratégia
orçamental!
Pensava eu que seriam coisas
mais profundas as que diferenciariam um “socialista” daqueles que considera “neo-liberais”,
que seria um projecto de sociedade o que distanciasse Seguro do Governo ou, não
havendo essa “separação”, como parece que não há, pelo menos explicasse de modo
claro como promoveria o investimento num país financeiramente desacreditado,
antes de, suficientemente, o organizar e regularizar as suas contas, de modo a
recuperar a confiança que perdeu.
Afirma Seguro que "é fundamental equilibrar as contas
públicas através da gestão da despesa e criar riqueza através do
investimento", como se tal fosse uma descoberta notável da qual mais
ninguém se lembrara ou coisas que não tivessem de ser, no início do processo de
recuperação, planeadas de modo a que os efeitos de uma influenciassem
positivamente os da outra, numa sequência em que, obviamente, não seriam os
efeitos do investimento os primeiros a esperar.
De
facto, como poderia um país quase falido, dependente dos mercados de capitais até
para os financiamentos correntes da sua actividade administrativa, atrair os
financiamentos que o fariam, de imediato, crescer economicamente? Terá de haver, naturalmente,
uma sequência lógica que o OE não pode deixar de reflectir e corresponde a começar
pela gestão da despesa, reduzindo-a a valores adequados à inversão da dinâmica
financeira negativa, e da adopção de medidas e de incentivos que criem o desejo
de investir como, aliás, começa a acontecer e corresponde à afirmação, também
de Seguro, de que "Portugal deve criar um ambiente amigo e propício a esse
investimento". Parece-me ser o que o Governo procurou fazer, melhor ou
pior, o que, sem dúvida, requer tempo, porventura mais do que o que tem de
tempo esta governação!
Como
a maioria, certamente, eu gostaria de ver muitas coisas mudar para melhor, entre elas reaver a reforma
a que, pelo meu trabalho e contributos ao longo de cinquenta anos, ganhei direito, mas não espero que isso
aconteça com o país a ser governado por Seguro.
Esperava
mais de um “socialista” que me parece, em vez de preparar o futuro que as circunstâncias consentem, se preparar para se aproveitar do que
agora diz serem os erros do Governo, para deles tentar tirar proveito no seu
tempo de governação. Se o tiver…
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