Que governo, em vésperas
de eleições, tomaria, conscientemente, decisões impopulares, daquelas de que a
oposição, facilmente, pode aproveitar-se para convencer os eleitores de que,
mudando o governo, tudo será melhor? Um governo estúpido, com certeza, ou um
governo inabalavelmente consciente das boas razões por que o faz, mas que não é
capaz de as realçar para mostrar que são dores de cura e não de morte, como as
que inspiraram o tão conhecido adágio “quem se cura não se regala”!
Infelizmente, a cultura da
experiência de muito tempo a analisar a vida, deu lugar à sua negação, tal como
o bom senso que faz os julgamentos justos deu lugar à precipitação de fazer sem
pensar, porque é assim que nos dizem que é… e mais nada!
Não me canso de dizer que
não vejo neste governo, nem de longe, o melhor que Portugal deveria ter nestes
tempos de grandes dificuldades. Mas, pior do que isso, é que não vejo a alternativa
que faria bem o que afirma que este governo faz mal. Pelo contrário, dou-me
conta de um oportunismo sem par, daqueles que fazem dos sacrifícios do povo as
razões para alcançar os favores do seu voto, sem jamais explicarem o que fariam
para que fosse diferente e para que a abastança voltasse, sem jamais irem além
da exploração das dores e da insatisfação dos que sofrem para os convencer da
esperança que nenhuma razão pode trazer.
Por isso a intitulada
“esquerda” fala de roubo, esquecendo, de todo e por exemplo, os que aconteceram
no Serviço Nacional de Saúde e dos quais, quase diariamente as notícias nos dão
conta, dizendo que o Governo quer, conscientemente, matar o que já encontrou
quase morto, mergulhado em dívidas imensas, defraudado por esquemas de roubo
descarado, enganado por quem lhe não dedicava o esforço a que se comprometeu.
Nem por ser,
inegavelmente, assim, o incansável Arménio cala o insistente discurso da
estupidez que afirma que “o Serviço
Nacional de Saúde está doente porque o Governo está a degradá-lo
conscientemente”, o que os insaciáveis do lucro fácil, das benesses e
das conquistas não contestam, mas antes aplaudem, na esperança de não perderem
o maná que lhes caía do céu. A verdade, porém, é que todos os excessos causam
ressacas, como esta a que tantos excessos nos condenaram.
Não deveria o povo
esquecer o que estes discursos intencionais escondem do universo das coisas
reais, numa intenção óbvia de criar nos eleitores a disposição de “entregar o
ouro ao bandido”, como acontece aos descuidados que, em vez de reflectir, escutam
e se deixam levar pelo canto da sereia.
Talvez, depois de todas as
ratazanas saírem das tocas, o Serviço Nacional de Saúde possa, finalmente,
encontrar a vida e a pujança de que todos necessitamos.
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