ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL OU, FINALMENTE, A CONSCIÊNCIA REAL DOS RISCOS QUE CORREMOS?

Neste diferendo entre os que reconhecem a influência da acção humana nas alterações climáticas e os que a desprezam alegando que sempre existiram ao longo da História da Terra, no que se pode encontrar o dedo dos que pagam para não ver a verdade, é notícia que Obama e Hollande apelam a um acordo ambicioso para redução das emissões dos gases de estufa, antecipando a Conferência sobre o Tempo que, no próximo ano, terá lugar em Paris. Quem sabe se, finalmente, deixará de ser apenas mais uma das que não produzem grandes efeitos… Mas creio que será.
A Ciência já mostrou como o modo de viver do Homem influencia os equilíbrios climáticos e, deste modo, acelera os processos naturais que são lentos à “escala de tempo humana”, o que não parece ser o caso das alterações bruscas que acontecem por todo o mundo.
Muito preocupados com o efeito de estufa que se acelera com o envio excessivo de gases para a atmosfera, com efeitos diferenciados que alteram a dinâmica atmosférica, a verdade é que não bastará já apenas este cuidado, porque a actividade humana acelerada produz, também, outros efeitos.
Ao longo de muitos milhões e milhões de anos, os grandes desequilíbrios na Terra foram dando lugar a uma relativa tranquilidade, como aquela em que apareceu e se desenvolveu a Humanidade, a qual pode, no entanto, repentinamente alterar-se. Bastará que um dos “super-vulcões” adormecidos acorde e vomite o fogo e as poeiras que nos envolverão na noite escura e gélida que marcará o fim do nosso tempo.
Mas, entretanto, a questão que se coloca é bem mais simples, a de não acelerar os pequenos desequilíbrios que, ao longo do tempo, vão tendo lugar, alterando os sistemas que assim os têm mantido e foram a causa das variações climáticas sazonais que conhecíamos, às quais dávamos nomes e até marcávamos datas para começarem e acabarem, com as frequências dos fenómenos de calor, frio, chuva ou seca que os caracterizavam. É mais do que evidente que essas frequências se alteraram, encurtando os períodos de retorno de fenómenos extremos que, no passado recente, eram de dezenas ou centenas de anos, mas agora se repetem sucessivamente.
Reduzimos a menos de metade as áreas de florestas tropicais, com isso reduzindo a intensidade de diversos ciclos naturais importantes e a biodiversidade responsável por outros equilíbrios também, conspurcámos os oceanos onde concentrámos enormes “ilhas de plástico” que, para além de outras poluições, são causa de danos severos no seu papel equilibrador de fenómenos naturais, além dos, talvez ainda mais severos, que produz através das cadeias alimentares.
De outras consequências mais poderia aqui falar, entre as muitas das produzidas pelo Homem para manter o “crescimento económico contínuo” que enriquece continuadamente os mais ricos e mantém os demais a produzir a riqueza que sempre acaba nos seus bolsos, mas prefiro reduzir os argumentos ao velho ditado que milhares de anos de sabedoria consagraram: “quem tudo quer, tudo perde”.

Mas esperemos pelas acções concretas que Obama e Hollande irão propor para travar a aceleração das alterações climáticas, como afirmam. Mas não acredito que vão além das que fazem acreditar que é possível ter sol na eira e chuva no nabal o que, afinal, nunca acontece!


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