ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

OS COMPROMISSOS NECESSÁRIOS

Nas reflexões que tenho feito sobre Democracia, sobre o momento de Portugal e sobre a saída do programa de resgate, tenho colocado a tónica na adaptação de alguns princípios e procedimentos democráticos às novas circunstâncias que o tempo vai criando, apesar de, por alguns saudosistas de um tempo que já não existe, além de outros puristas defensores da manutenção de absurdos, serem considerados como sagrados.
Aliás é um princípio inquestionável que o que não consegue adaptar-se, morre! E, mais do que isso, é um princípio que a cada momento é reclamado quando se trata de outras coisas, como sejam, por exemplo, os direitos das minorias.
A superiorização das maiorias e a sua inquestionável razão, são conceitos ultrapassados pela Ciência, pela própria razão e cujos resultados da sua adopção simples desmitificaram há muito tempo. Só o não verá quem estiolou, quem parou no tempo e se não dá conta do que se passa ou, por que não, quem não está disposto a perder certas regalias.
Agora estamos na era dos consensos, da reflexão que nos conduza ao que seja melhor para todos no mais longo prazo, deixando de fazer qualquer sentido certos tiques de uma Democracia entorpecida pela imobilidade e que corre o risco de se deixar ultrapassar por ideais autoritários que, depois de antes apenas espreitarem, agora se mostram já de corpo inteiro para influenciar o futuro de uma Europa que dele nunca bem soube cuidar. Talvez porque não seja essa a intenção dos que mais o podem influenciar...
Então por que não haverá de mudar-se o que durante tempo demais foi considerado inalterável, aceitando, de vez e como as circunstâncias eloquentemente demonstram, que há princípios que já não fazem qualquer sentido, mesmo se reclamados pelos que foram os “monstros sagrados” da Democracia mas que, pelas infelizes declarações e propostas que agora fazem ou pelas posições que tomam, são a prova eloquente da desactualização das suas ideias e convicções.
Há que deixar a visão de curto prazo que a Democracia da alternância obrigatória não pode ultrapassar, para dar caminho aos procedimentos próprios de circunstâncias que nos não consentem já os desvarios de outrora em que muitos recursos havia para esbanjar e o tempo sobejava para tomar e alterar decisões ao sabor dos interesses do momento.
Não faz mais sentido a “guerra do Alecrim e Manjerona” que bem retrata a comicidade dos confrontos políticos que já se não suportam e se torna imperativo por um fim à dominância dos que continuam a fazer da democracia do curto prazo, do faz e desfaz para voltar a fazer, a razão de ser da sua vida.
A pouco e pouco o vão dizendo aqueles que, ainda não há muito tempo, o recusavam. E no mesmo “Lisbon Summit” em que Seguro debitou os seus argumentos falidos e deu conta dos receios que a sua atitude de não cooperação não quer desfazer, um alto dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Peter Praet, sugeriu que faz sentido pensar numa terceira solução para o período pós-resgate: os partidos do arco da governação devem “encontrar uma maneira de assinalar o compromisso em fazer reformas nos próximos anos”. O que aqui tenho constantemente reclamado e não passa, afinal, do PACTO DE REGIME que Seguro descarta, porque as reformas estruturais indispensáveis exigem compromissos políticos de longo prazo, do que apenas uma democracia modernizada será capaz.


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