Ontem dei-me conta de mais
dois aspectos desta questão já cansativa dos quadros do surrealista Miró que o
BPN coleccionou e o governo de Sócrates nacionalizou.
A propósito, nunca entendi
por que o governo de então foi tão pressuroso na nacionalização de um banco
integrado num “esquema criminoso” ainda hoje mal desfiado, em vez de procurar outras
soluções para garantia dos depósitos “normais” que por lá também havia,
evitando pagar as contas dos que praticaram crimes que todos nós, os eternos pagantes,
agora temos de suportar. Esta parece-me, até, a principal questão que deveria
preocupar a Senhora Procuradora Geral da República até a ver completamente
esclarecida e, também, severamente punidos os criminosos, porque a venda dos
quadros de Miró não apoquenta, nem um bocadinho, a mim e a milhões de
portugueses que fazem parte desta República por cujos reais interesses S Exa tem de
zelar.
Mas fiquei a saber que a
agora tão contestada venda dos quadros de Miró, pela qual se pedem as demissões
sei lá de quem ou até do governo inteiro, já havia sido decidida naquele
governo de Sócrates que nacionalizou o BPN, do que a maioria já perdeu a
memória, bem como das culpas que, agora, descarrega em quem tenta corrigir o
mal que já estava feito!
Também não me causa grande
admiração que seja assim porque é natural “descarregar” em quem esteja mais á
mão. Foi sempre assim que os fracos e os oportunistas fizeram.
Mas para além disto, deixou-me
de boca aberta a pergunta, quase cândida (!), que um jornalista fez ao seu
entrevistado que tentava explicar-lhe a questão dos já malfadados quadros cuja
base de licitação no leilão em que seriam vendidos era, segundo se diz, de 75
milhões de euros, pouco mais ou menos… A pergunta foi: “mas estamos,
financeiramente, assim tão mal que tenhamos necessidade desse dinheiro”?
Esse jornalista que,
talvez antes desta cena pacóvia dos quadros de Miró, nem teria ouvido falar
muito deste “artista” catalão, ainda menos, por certo, ouviu falar das
preciosidades artísticas que, por esse nosso território, se degradam a cada dia
que passa por falta de uns tostões para as recuperar. Arte portuguesa que faz
parte da nossa cultura e deixamos que se perca por falta de dinheiro, enquanto
andamos tão preocupados com a venda de uns quadros que à cultura portuguesa
nada dizem.
Mentalidades de novos
ricos!
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