Como, por vezes, acontece,
ouvi parte de mais um daqueles programas de antena aberta em que cada um diz o
que entender sobre um tema que é proposto. E lá aparecem os falsos moralistas
puxando ao sentimento, os que falam das ideias que têm, os que debitam as
ideias de outros de quem fazem seus mentores, as cassetes e chavões do costume
e, também, os que se julgam os donos da razão, com ideias que são as melhores
de todas, mas que o governo não quis aproveitar.
Destes últimos invejo a
confiança com que avançam nas soluções, sobretudo porque me lembro de, na minha
vida profissional, sempre colocar a dúvida à frente da certeza que, a bem dizer,
acabava por nunca ter em absoluto, admitindo sempre que pudesse haver uma
solução melhor do que aquela que encontrei! Dos demais, lamento que os que
revelam ter ideias próprias sejam tão poucos em relação aos “papagaios”. E não
critico as ideias que tenham, quer me pareçam boas ou más. Simplesmente me
sinto feliz por haver alguém que tem ideias próprias.
Hoje o tema foi a “rifa”
que o Governo vai fazer entre os que peçam facturas com o número de contribuinte,
integrada no seu programa de luta contra o mercado paralelo que tanto nos lesa
a todos. Sabendo que este constitui uma parte muito significativa de toda a
actividade económica, é fácil intuir quanto aliviados poderíamos ser de
impostos se todo o comércio fosse feito em conformidade com a lei. Por isso, só
haverá que louvar o que for feito para o combater, no que, sem dúvida, o
Governo estará a tentar fazer o seu melhor.
Quanto a todos nós, é um
dever de cidadania o empenhamento nesta luta porque, obviamente, não pode o
governo ser bem sucedido sem a nossa participação.
Se o prémio da “rifa”
deveria ser um carro topo de gama ou outra coisa qualquer, deve ter sido
bastante pensado e aceito a decisão tomada, ainda que a minha preferência fosse
outra. Só não sei é o que farei ao carro se me sair, porque tenho o carro que
quero.
Não será, pois, pelo carro
que peço que seja colocado o número de contribuinte nas facturas do que pago,
mas porque entendo ser meu dever participar na luta por um melhor Estado,
contra os que me fazem pagar mais impostos do que pagaria se eles pagassem os
seus também!
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