Ao longo de vários anos,
desde 2008, fui colaborador habitual do jornal da Terra onde nasci, o Notícias
de Manteigas, situação que decidi terminar no final deste ano, tornando-a numa
possível colaboração eventual.
Foi uma experiência
diferente a de escrever num jornal mensal o que, garanto, não é tarefa fácil no
que diz respeito à oportunidade dos assuntos sobre os quais se escreva. Por
isso aproveitei para abordar temas cuja oportunidade não corresponde ao dia ou
à semana, nem sequer ao mês, mas sim a períodos de tempo mais dilatados,
dizendo o que pensava desta fase da vida do mundo e do Homem que, desde há
muito tempo, me parece ter chegado a um ponto de mudança inevitável.
Foi esta a linha de
pensamento ao longo do tempo em que ali escrevi e, curiosamente, já vi
tornarem-se motivo de preocupação generalizada algumas das preocupações pessoais
que ali deixei registadas.
Fiz questão de fundamentar
as afirmações que fui fazendo, tomando por base os conhecimentos que vamos
tendo deste planeta que habitamos, as condições que nele encontramos e os
limites que impõem ao modo como desejamos viver.
Afirmei a impossibilidade
do crescimento contínuo que se alimenta de um consumismo excessivo que já
deixou as reservas de recursos naturais em níveis que nos fazem temer o futuro,
falei do regresso à terra, ao mar e à indústria que havíamos quase abandonado
em troca do sector de serviços que passou a ser o sintoma moderno de
desenvolvimento, falei da degradação ambiental, da austeridade inevitável, dos
novos emigrantes e de muitas coisas que o bom senso nos mostra que seriam o
desfecho inevitável de tanta imoderação nesta corrida à ilusória riqueza que o expansionismo
económico nos garantiria.
A verdade é que nem sequer
fui original, nem no que disse nem nas previsões que fiz, porque muitos
pensadores de tudo isso vêm falando há tanto tempo. O Clube de Roma, Alvin
Tofler, Shumaker, defensores do "crescimento zero" e muitos outros mostraram-me uma realidade que entendi porque
está conforme com a realidade e com as leis naturais que, como engenheiro,
conheço.
Tenho visto, aos poucos,
focar muitos dos problemas para que alertei, mas estão os políticos e os
economistas ainda longe de entenderem a mudança que, queiram ou não,
acontecerá.
Um novo modo de viver terá
de ser adoptado. Mas será que os inúmeros interesses instalados, políticos,
económicos, corporativos e outros o permitirão ou terá de ser a Natureza a
impô-lo?
Sem comentários:
Enviar um comentário