ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

AS MORDOMIAS PERDIDAS…



Não pude deixar de recordar os meus tempos de estudante ao ver uma manifestação de estudantes contra a suspensão do “passe escolar”.
Toda a gente reclama neste tempo de austeridade porque ela não permite as “mordomias” que uma falsa riqueza antes proporcionava. Mas a realidade é dura e não há como fugir a um regresso a procedimentos mais exigentes de esforço.
Entendo a indignação de quem, estando habituado a andar de rabo tremido, tenha agora de andar a pé ou puxar dos cordões à bolsa.
Pois bem, depois de uma "instrução primária" (agora ensino básico) em que não tinha direito nem a um ligeiro aquecimento mesmo quando a temperatura era tão baixa, até negativa, que causava enorme sofrimento e deixava as mãos sem condições para escrever, também nunca tive um passe que me pagasse os transportes de casa para a escola e vice-versa.
Em Lisboa tinha de percorrer vários quilómetros por dia quer quando a minha escola era o Liceu Camões quer quando fazia o meu curso no Instituto Superior Técnico. Fazia os percursos caminhando porque o dinheiro não dava para autocarros e tinha horários duplos diários, o que me obrigava a fazer o percurso quatro vezes por dia!
Nada disto me impediu de ter tido o sucesso escolar que tive e de ter sido quem fui ao longo da minha vida profissional.
Admito que, depois de tantos anos, as coisas tivessem de melhorar bastante. Obviamente! Mas que às condições de climatização nulas em clima onde os Invernos são duros tenham sucedido ambientes climatizados mesmo em climas temperados e que para percorrer alguns quilómetros até tenham de ter, necessariamente, um passe, acho ser um excesso que as nossas possibilidades, como se vê, não suportam.
Por que não poderá a juventude de hoje calcorrear os seis quilómetros que cheguei a percorrer por dia para ir às aulas?

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