A notícia do dia deve ser que “Uma
carta aberta de 78 personalidades foi entregue hoje ao
primeiro-ministro e ao Presidente da República. Entre os signatários
contam-se Mário Soares, Eduardo Lourenço, Manuela Morgado, Siza Vieira, Lídia
Jorge, Pires Veloso, Carvalho da Silva, Daniel Oliveira e Vitor Ramalho”.
Em primeiro lugar não sei qual é
a proposta alternativa destas “personalidades” à política de austeridade que,
necessariamente, se segue ao regabofe que levou o país de uma carência de cerca
de 700.000 habitações a um excesso idêntico e de uns poucos quilómetros de
auto-estradas a um notável 4º lugar no “ranking” dos países com melhores
infra-estruturas rodoviárias!
Parece-me que esta carta teria razão de ser depois de ser demonstrado haver uma alternativa que não cause maiores danos ainda. Mas essa demonstração eu não conheço.
Parece-me que esta carta teria razão de ser depois de ser demonstrado haver uma alternativa que não cause maiores danos ainda. Mas essa demonstração eu não conheço.
Sabido que é que a “construção
civil” foi, ao longo destes anos de “prosperidade”, de longe o maior empregador de mão
de obra do país que agora tem excesso de edifícios e de auto-estradas, o que tira razão de ser à continuação do crescimento, seria
sensato continuar com uma política de estupidez que ainda mais nos enterraria?
Não será preferível transferir a nossa capacidade produtiva para bens de maior
valor acrescentado e susceptíveis de reduzirem os desequilíbrios que uma
política de falso progresso causou? Não é inevitável, antes, equilibrar os gastos e os proveitos para, depois, se adoptar uma política de autêntico progresso?
E poderíamos falar, também, de
diversas outras coisas tão pouco razoáveis como aquelas que antes mencionei,
sobretudo o excessivo “nível de vida” que o país e que muitos de nós se permitiram ter, bem acima
dos rendimentos seguros, como poderíamos falar da permissividade que tantos desmandos,
desperdícios e actos de corrupção deixou acontecer.
Só posso desejar boa sorte aos “notáveis”
que propõem uma mudança que não dizem qual será nem como será conseguida, mas
ficarei á espera do milagre de que um novo governo será capaz porque, sem
dúvida, me sentirei menos prejudicado nos cortes que a minha pensão tem sofrido.
Poderei, quem sabe, vê-los repostos e compensados, o que me daria muito jeito.
Mas poderão estas personalidades
ficar certas da responsabilidade que assumem nesta sua carta aberta que pode levar um
povo em situação de pesados sacrifícios a pensar que uma outra via qualquer seria o céu
em vez deste inferno em que estamos e do qual não sairemos se não pagarmos as
dívidas que fizemos.
Aproveito para pedir às “personalidades”
que exijam a avaliação das culpas dos que, por mal gerirem o que é de todos,
nos colocaram em tamanhas dificuldades. Façam isso!
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