Começo a sentir-me mal num país
onde é possível convencer tanta gente de um projecto que não existe sequer, apenas
pela esperança de regressar a um tempo que passou de vez e não há condições
para fazer voltar.
Todo o discurso de Seguro é vago,
fala em propostas que não passam de princípios dos quais qualquer analista político fala por dever de ofício sem ter de alguma vez os testar.
Deste modo, a discussão política tornou-se
absurda e sem sentido. Numa situação que reclama mil cuidados, os disparates
sucedem-se.
Francamente, o que tem acontecido
e a correspondência entre os discursos e as atitudes dos líderes dos maiores
partidos portugueses, levam-me mais a acreditar no “que se lixem as eleições”
de Passos Coelho do que do respeito de Seguro pelos interesses nacionais.
Critiquei o Governo quando
entendi que se atrasou em medidas urgentes como esta e que deveriam estar
praticamente prontas ao fim de um ano de governação, mesmo sabendo que são
sempre muito difíceis de alterar situações sedimentadas ao longo de demasiado
tempo e, mais do que isso, quando alguém afirma, inconscientemente, que, se voltar ao poder as pode continuar.
Parece-me ridícula esta atitude
de Seguro, estas suas manobras de “político esperto” que pode conduzir-nos a
uma situação muito perigosa de conflitos sociais. Aliás, pergunto-me em que
fundará Seguro as suas esperanças de eleições a curto prazo, pois afirma que o PS não voltará ao poder sem eleições! A não acontecer uma ruptura social grave, não vejo como interromper o
mandato de um governo apoiado por uma maioria ainda segura, pelo que não vejo como possa o Presidente da República decidir-se pela dissolução da Assembleia da
República nas circunstâncias actuais.
Tão estranha como a atitude de
Seguro é a igual ansiedade que Mário Soares demonstra aproveitando qualquer
oportunidade ou motivo para dizer mal do governo e do Presidente da República
seja pelo que for, criticando-os como na célebre história de ser preso por ter
cão ou não o ter.
Uns falam de greves gerais,
outros de revoluções sangrentas e outros, ainda, de rupturas sociais. A par disto, Soares e Seguro são os
maldizentes de serviço. Tudo isto me cheira a esturro…
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