Refundar, reformar, revisitar,
são termos que nos últimos dias se tornaram moda e servem para construir
discursos imensos sem conteúdo nem sentido, alimentam discussões de que não
nasce luz alguma e, por fim, nos distraem das verdadeiras preocupações que este
momento penoso a cada momento nos dá.
Tudo parece apostado em atear,
ainda mais, uma fogueira de labaredas já bem altas, em fazer das dificuldades
uma desgraça maior, de meias verdades a verdade toda, de pormenores a questão
principal e de “razões” sem sentido a justificação de que alguns carecem para
fazerem o seu jogo, apoiados pelos incautos que vão enganando.
Nesta batalha semântica com que
se perde o tempo que em outras reflexões melhor se aproveitaria, vamos escamoteando
a verdadeira questão que é a de termos uma Constituição que impõe ao Estado a
concessão de direitos que não pode suportar com os rendimentos que tem.
Todos sabemos que a que foi
considerada “a Constituição mais avançada do mundo” é, vezes sem conta,
iludida, em muito do que se faz desrespeitada e não garante o único direito ao
qual, sem custos impossíveis, todos deveríamos ter direito: a verdade.
A refundação do acordo com a
Troika, do Estado, a sua reforma ou revisitação – chamem-lhe o que quiserem –
não passa de um modo encapotado de afirmar a necessidade urgente de definir, em face de uma realidade que bem
se conhece, as funções do Estado.
É inaceitável a falta de coragem de políticos que disfarçam, em palavras de circunstância, a sua incapacidade para dizer ao povo o que, na verdade, se passa.
É inaceitável a falta de coragem de políticos que disfarçam, em palavras de circunstância, a sua incapacidade para dizer ao povo o que, na verdade, se passa.
Já não estamos em tempo de
ilusões que leva uns a persistir em equívocos que a História já desfez, outros
a falar em novas revoluções em que, desta vez, o vermelho já não seria o dos
cravos e outros, ainda, a preverem a guerras na Europa como se uma guerra do
tempo presente se assemelhasse às “brincadeiras” que, ao pé dela, quaisquer
outras pareceriam.
A própria democracia parece
perder o sentido quando, perante os graves riscos que corremos, permite que
seja semeado o pânico que tantos vómitos discursivos fomentam e do qual podem
resultar actos de desespero fatais.
Em vez de tudo isto, seria
necessária a coragem bastante para reconhecer a mais do que urgente necessidade
de profundas reformas, incluindo a revisão constitucional, sem as quais tudo
continuará a piorar.
Em vez disso, porém, persistimos
no tão português “encanar a perna à rã” que só nos pode tornar mais infelizes,
ainda!
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