ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

domingo, 25 de novembro de 2012

O MANDATO DOS JORNALISTAS!



Estive aqui a ler o que disse alguém, de nome Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, sobre algo que eu nunca antes ouvira falar “o mandato dos profissionais do sector para servir os cidadãos”. Tal e qual!
Mas quando estava à espera de uma dissertação sobre um assunto que me cria muitas dúvidas que gostaria de ver esclarecidas, sobre a função, a ética e o profissionalismo jornalístico, por exemplo, acabo por verificar que a conversa cai, de novo, no visionamento que a PSP terá feito das imagens “brutas” dos incidentes que ocorreram em frente da Assembleia da República.
As televisões fizeram uma cobertura exaustiva, em directo, sobre os acontecimentos. Trabalharam, depois, aquelas imagens para as integrarem em futuros noticiários onde, naturalmente, não caberiam todas as que haviam sido transmitidas em directo. E parece-me estar aqui a diferença entre o “bruto” e o “editado” cujo sentido, neste caso, não pode ser outro senão este, porque todas as imagens brutas eram já públicas.
De resto, que significado tem, afinal, a edição de imagens senão excluir trechos de má qualidade, sem interesse jornalístico, repetições inúteis e outras, mas nunca algumas que contenham informação que pretendam sonegar, porque isso seria trair o seu dever de informar! Por isso, a menos que alguma coisa desejem esconder, que crime será cometido no visionamento dos “brutos”?
Parece-me uma oportunidade para alguns jornalistas se fazerem ouvir neste corrupio de tomadas de posição e de declarações que todos por aí andam a fazer para, no final, não dizerem nada que preste! Apenas tornam maior a confusão ou desviam a atenção de coisas mais importantes...
E pronto, continua a bagunça dos que discutem questões menores e, assim, nem se dão conta do que esteja para vir. Eu deveria dizer "é lá com eles" se não fosse, também, comigo e com todos nós que sofreremos os maus efeitos de tanta estupidez.
Cada vez mais a comunicação social me obriga a reservas mentais acerca daquilo sobre que, supostamente, me informa. Não é raro encontrar nítidas disparidades, muitas vezes não ingénuas, entre a realidade e a notícia que dela pretende dar conta, entre o título e o próprio conteúdo da notícia. Além de que, infelizmente, a qualidade das peças apresentadas, demasiadas vezes peca por uma falta gritante do mínimo de qualidade que se esperaria que tivessem.
São raras as boas reportagens que vejo mas que acabam dispersas no meio de tanta conversa de comadres, de recados encomendados, de opiniões e de mensagens oportunistas que não podem estar cobertos por qualquer mandato especial que dê aos jornalistas poderes ou regalias que não estejam consagrados para todos os cidadãos. Como qualquer profissão, o jornalismo carrega responsabilidades e não regalias.
Como se tornou hábito, todos reclamam direitos sem falar nos seus deveres.

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