Estive aqui a ler o que
disse alguém, de nome Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, sobre
algo que eu nunca antes ouvira falar “o mandato dos profissionais do sector
para servir os cidadãos”. Tal e qual!
Mas quando estava à espera
de uma dissertação sobre um assunto que me cria muitas dúvidas que gostaria de
ver esclarecidas, sobre a função, a ética e o profissionalismo jornalístico, por
exemplo, acabo por verificar que a conversa cai, de novo, no visionamento que a
PSP terá feito das imagens “brutas” dos incidentes que ocorreram em frente da
Assembleia da República.
As televisões fizeram uma
cobertura exaustiva, em directo, sobre os acontecimentos. Trabalharam, depois,
aquelas imagens para as integrarem em futuros noticiários onde, naturalmente,
não caberiam todas as que haviam sido transmitidas em directo. E parece-me
estar aqui a diferença entre o “bruto” e o “editado” cujo sentido, neste caso,
não pode ser outro senão este, porque todas as imagens brutas eram já públicas.
De resto, que significado
tem, afinal, a edição de imagens senão excluir trechos de má qualidade, sem
interesse jornalístico, repetições inúteis e outras, mas nunca algumas que
contenham informação que pretendam sonegar, porque isso seria trair o seu dever de informar! Por isso, a menos que alguma coisa
desejem esconder, que crime será cometido no visionamento dos “brutos”?
Parece-me uma oportunidade
para alguns jornalistas se fazerem ouvir neste corrupio de tomadas de posição e
de declarações que todos por aí andam a fazer para, no final, não dizerem nada
que preste! Apenas tornam maior a confusão ou desviam a atenção de coisas mais importantes...
E pronto, continua a
bagunça dos que discutem questões menores e, assim, nem se dão conta do que esteja
para vir. Eu deveria dizer "é lá com eles" se não fosse, também, comigo e com todos nós que sofreremos os maus efeitos de tanta estupidez.
Cada vez mais a
comunicação social me obriga a reservas mentais acerca daquilo sobre que,
supostamente, me informa. Não é raro encontrar nítidas disparidades, muitas vezes não
ingénuas, entre a realidade e a notícia que dela pretende dar conta, entre o
título e o próprio conteúdo da notícia. Além de que, infelizmente, a qualidade
das peças apresentadas, demasiadas vezes peca por uma falta gritante do mínimo
de qualidade que se esperaria que tivessem.
São raras as boas
reportagens que vejo mas que acabam dispersas no meio de tanta conversa de
comadres, de recados encomendados, de opiniões e de mensagens oportunistas que
não podem estar cobertos por qualquer mandato especial que dê aos jornalistas
poderes ou regalias que não estejam consagrados para todos os cidadãos. Como
qualquer profissão, o jornalismo carrega responsabilidades e não regalias.
Como se tornou hábito, todos reclamam direitos sem falar nos seus deveres.
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