Seguro anda numa roda-viva, de
púlpito em púlpito, a garantir que não será a muleta do governo para destruir o
Estado Social, mesmo depois de o Ministro da Saúde ter afirmado que, dos quatro
mil milhões que o governo se propõe reduzir em reformas estruturais, nem um
cêntimo sairia deste sector!
Fá-lo com uma impetuosidade tal
que mais parece uma atitude característica típica de campanha eleitoral, daquelas
em que se promete o que mais popularidade pode dar mas, nem sequer, pensa fazer,
porque sabe não poder faze-lo. E Seguro sabe que o Estado Social em relação ao
qual diz não ceder um milímetro necessita de uma reforma profunda para que
possa sobreviver em condições tão diversas daquelas em que foi concebido.
Há, aliás, factos e estudos que
comprovam as alterações que ocorreram e faz sentido considerar nas reformas a
introduzir numa Constituição que ou se adapta à realidade ou será,
inevitavelmente, atropelada por esta.
Sabe Seguro, como o sabem outros
líderes políticos, que nada justifica que se não ajuste à realidade o que está
fora dela, a não ser os interesses partidários nisso envolvidos! É o caso da
Constituição feita á luz de circunstâncias e de condições que o tempo profundamente
alterou. É demagogia pura prometer o que é impossível de garantir, pelo que
corre a Constituição o sério risco de se tornar demagógica ou letra morta,
conforme o modo como for tida em conta.
É tempo de rever as funções do Estado,
particularmente por duas razões fundamentais, tanto para redefinir os serviços
que lhe compete prestar e as condições em que os presta, como para introduzir
ou reforçar garantias de soberania essenciais em momento de eventuais transformações
na União Europeia a que Portugal pertence.
Não me parece, do modo como
as coisas andam, que os políticos se disponham ou sejam capazes de fazer o que deve
ser feito para que sejam definidos os objectivos que orientem os esforços que sejam necessários, as
medidas para melhor os atingir e a os sacrifícios necessários para os alcançar.
A não se assim, quantos esforços
se perdem e quantos sacrifícios se sofrem, afinal para nada?
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