ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 18 de novembro de 2012

A REALIDADE TEM SEMPRE RAZÃO

Já vou ficando habituado ao ruído de tanto que por aí se diz a propósito da situação por que passamos. Dizem-se as coisas mais díspares e não há como delas tirar conclusões que nos orientem no modo de proceder nestas condições nem como ter perspectivas de quando virão tempos melhores.
O mais complicado é que, para além da verdade das coisas que ninguém parece saber qual é exactamente, interesses há, tão grandes que suplantam os que deveriam estar acima de todos os demais, os do país, que se esforçam por mais nos confundir! São interesses pessoais e partidários difíceis de aceitar por uma sociedade que se vê obrigada a uma austeridade dura mas inevitável perante o endividamento excessivo que um governo imprudente acumulou apesar de todos os avisos e de todos os sintomas de uma crise que dificilmente suportaríamos.
Tudo se passou como era previsível e não seria de prever que, perante as condições do resgate que tivemos de aceitar, o novo governo, fosse ele qual fosse, conseguisse evitar um longo tempo de dificuldades e, mesmo até, de privações.
Há uma verdade que as contas mais simples permitem confirmar, a de não ser possível manter os níveis de despesa que quase nos levaram à bancarrota, o que significa que o Estado não pode, por agora, continuar a prestar alguns dos serviços que prestava, pelo menos do modo como o fazia e, muito menos, permitir que continuem os devaneios gastadores a que nos habituou. Para além disso, não haveria como evitar aumentar os rendimentos com que solverá os compromissos financeiros que assumiu, enquanto reestrutura a administração pública de modo a criar uma situação financeiramente estável no futuro.
É um longo processo de readaptação de um país inteiro que poucos têm a percepção de ser inevitável e ninguém pode pensar ser fácil ou rápido, porque nada voltará a ser como era antes.
Pode o governo fazer tudo isto melhor ou pior, mas não poderia, alguma vez, fazer muito diferente e nem, sequer, sem a colaboração do próprio país sem cujo esforço nada será melhor.
Ninguém poderá sentir-se bem do modo como se vive nesta austeridade que, constantemente, nos faz temer o dia de amanhã. Mas pior se sentirá, ainda, com as consequências que os equívocos que tantas e tão mal pensadas ou mal intencionadas opiniões podem gerar, como seja uma crise política grave que pode conduzir a um caos insuportável.
Apesar de já habituado a tanta trapalhada que se diz, ainda me surpreendem alguns de quem esperava capacidade para pensar melhor e bom senso para não deitar mais achas nesta fogueira com chamas já tão altas. Surpreendeu-me (ou não?) a opinião de Freitas do Amaral que julga que será de perguntar ao povo, como quem pergunta a um doente, se acha que este “médico” o está a tratar bem ou não! Pode ser e é democrático, mas não será com atitudes destas, com ilusões de milagres impossíveis, que se resolvem os problemas bicudos que enfrentamos.
Uma coisa, definitivamente, temos de aprender: a realidade tem sempre razão, por mais que a maioria possa dizer ser ela que a tem!

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