ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A DISCUSSÃO DO ORÇAMENTO DE ESTADO E AS CONVERSAS DE CAFÉ


A discussão do Orçamento de Estado na Assembleia da República fez-me lembrar aquelas conversas de café quando, sem motivos de grande conversa, se fala do tempo.
“Isto é que está um tempo!”
“ Já nem sabemos às quantas andamos”.
“Coitado do S Pedro, está velhote e desnorteia-se”…
Enfim, conversas de chacha que mais não fazem do que preencher o tempo com vulgares lugares comuns que apenas alimentam uma conversa que não é!
De facto, há conversas que não dizem nada do muito que há para dizer sobre aquilo de que se fala.
Na AR insiste-se no apelo a uma Constituição que, quando foi feita, não teve em consideração, porque nem podia ter, as circunstâncias que hoje obrigam a tomar decisões que, por ser assim, se podem considerar inconstitucionais. Ou talvez não…
A Oposição insiste nos discursos da desgraça, invoca o empobrecimento que a austeridade provoca, recordam os bons tempos dos gastos sem contenção, invoca direitos cujos custos ninguém assegura nesta situação de exiguidade de meios que é própria de uma crise a que ninguém parece ser capaz de por um fim.
E à semelhança do que se faz quando se fala deste tempo que já ninguém entende, em vez de procurar para tal uma explicação, arranja-se um qualquer S Pedro, velho e desgastado, que já não sabe o que faz e, assim, se torna o responsável por todas as desgraças que nos acontecem. Só pode ser o Governo. Nunca quem provocou a tempestade. Certamente!
Anseia-se pelo regresso aos bons velhos tempos de uma abastança desgastada, desdobram-se os protestos em apelos que apenas farão mudar aqueles a quem chamar “ladrões” porque o “empobrecimento” inevitavelmente continuará enquanto, em vez de pensar em soluções, se reclamam os proveitos que delas possam provir sem o trabalho duro de as realizar.
Está escolhido o que uma maioria espera que lhe devolva os direitos que julgam serem seus por natureza, sem necessidade de qualquer esforço para os garantir. Estão criadas as condições de uma desilusão maior do que as demais porque mais pobres ainda ficaremos se nos dermos à leviandade de, como de outras vezes, gastar aquilo que, de todo, já não temos.
Mas uma coisa inédita aconteceu e, por isso a realço para memória futura.
O Primeiro Ministro fez a declaração mais estranha que alguma vez se ouviu em tempos de dura competição política. Apesar da imposição do Tribunal Constitucional para que sejam repostos os salários da Função Pública em 2016, Passos Coelho fez a incrível “promessa eleitoral” de tudo fazer para que não seja assim, por entender não comportarem as finanças portuguesas mais do que uma reposição ao ritmo de 20% anuais. 
Aposto que Costa garantirá exactamente o contrário!


Sem comentários:

Enviar um comentário