ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A PROPÓSITO DO “STREAP TEASE” DE MARINHO

Como prometera, Marinho e Pinto deu a conhecer, em pormenor, o que lhe vêm pagando na actividade de deputado europeu para que foi eleito. Assim mostra, em pormenor, a “obscenidade” dos valores que recebem esses “representantes não sei de quem” que por ali andam sem fazer coisa que preste, nada que mude esta Europa que, vistas bem as coisas e ao fim de tantos anos, continua a ser a manta de retalhos que sempre foi.
O que Marinho e Pinto revela que lhe pagam, 40.000 euros em três meses, corresponde ao valor do salário mensal, a subsídios diários pela presença em plenário, a reuniões ou delegações, a subsídios de distância e a valores atribuídos para despesas gerais.
Em Portugal, os mais qualificados que trabalham por conta de outrem, ganham, num ano, pouco mais de metade do que os deputados europeus ganham em três meses, do que resulta a absurda razão de 1 para 8.
Mas não é isso que parece ser o que preocupa Marinho e Pinto que acha miserável o que, em Portugal, se paga aos membros dos órgãos de soberania.
Por exemplo, um deputado em regime de exclusividade, seja qual for a sua formação de base ou a competência que possua para desempenho do lugar, ganha 3.515,36 euros mensais, menos 325,88 euros os que se decidam pela não exclusividade que, sem dúvida, muito mais lhes renderá do que o salário de exclusividade lhes garante. Uma muito pequena esta diferença que, logicamente, deve corresponder à diferença de produtividade entre os que exclusivamente se dedicam às funções parlamentares e os outros. Nem quero pensar na conclusão que tal consente…
Mas, para além da remuneração indicada, os deputados têm regalias diversas que constituem um acréscimo significativo ao seu salário real e os torna privilegiados perante o cidadão comum que representam e cuja sobrevivência é bem mais trabalhosa do que marcar presença e debitar o que, tantas vezes, não passa de uma cassete desgastada, de repisados discursos pouco qualificados e, por vezes, reveladores de grande ignorância.
É óbvio que há gente que vive num mundo diferente daquele onde a maioria tem salários muito baixos ou nem sequer os tem e vivem, por isso, em condições das quais os privilegiados deste país não fazem uma pálida ideia. É a imensa maioria da qual também a maioria criou o hábito de se contentar com as migalhas que caem da mesa onde, os “mal pagos” de Marinho, se banqueteiam.
Em Portugal, o salário mínimo de 505 euros não passa de cerca de 61% da média dos países europeus onde foi estabelecido e não vai além de 26% do valor máximo. É, mesmo, o mais baixo de todos.
É muita, é demais, a gente que ganha o salário mínimo em Portugal onde Marinho e Pinto prefere preocupar-se com o “pouco” que ganham aqueles por culpa de quem ele é tão baixo!
Fico apreensivo quando vejo multidões que endeusam, aplaudem e guindam ao poder os que, inevitavelmente, acabarão por explorá-las, porque não posso deixar de pensar nos absurdos pelos quais sempre haverá exploradores e explorados!


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