ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

TODO O BURRO COME PALHA…


Nas “notícias ao minuto” li esta afirmação atribuída a um professor de economia do ISEG: O economista Carlos Farinha Rodrigues responsabilizou o actual governo pelo agravamento da pobreza em Portugal e alertou que mesmo havendo uma mudança de políticas, o país vai demorar "muitos anos" até conseguir reparar os danos causados.
Habituado que fui a aprender com professores, não podia deixar de ler o mais que ele havia dito, esperando encontrar as explicações que justificassem esta afirmação tão intensamente dramática.
Mas não encontrei! Não vi mais do que o vulgar “lixo” desinformativo que os que se põem em bicos de pés atiram para o ar para dar nas vistas, com a irresponsabilidade de quem fala por falar.
Para além de uma frases sobre “a forte contenção orçamental”, o “descurar a coesão social estamos a pôr em causa, não só a situação dos pobres, mas também a qualidade da nossa democracia e da nossa vida em comum", "as políticas deste governo agravaram claramente a situação, em termos de pobreza" e outras que o levam a firmar que "vai demorar muitos anos até reparar os danos que ocorreram durante estes três ou quatro anos", nada encontrei que fundamentasse afirmações que, pensava eu, um professor universitário não deveria fazer sem as justificar.
Descreveu a realidade como lhe pareceu bem fazer, mas para ela não encontrou outra explicação senão os danos causados por um governo que, ele não o diz, teve de reparar os que outro causara ao ponto de deixar o país na bancarrota!
Também fui professor e jamais me atreveria a fazer afirmações como estas sem devidamente as justificar. E nessa condição aprendi, também, que jamais se encontram, nas razões de curto prazo, as que, de facto, justificam a situação que queremos analisar.
Por isso o professor Farinha nem, sequer, justifica a razão pela qual começa, a contenção orçamental, inevitavelmente imposta pela situação de falência financeira que erros clamorosos de outro governo causaram. Como se a contenção orçamental fosse o princípio de tudo, o pecado original que jamais se deveria cometer!
Tudo o mais são consequências de uma situação de graves carências que não deixavam grandes alternativas nos procedimentos a adoptar, ainda que o pudessem ter sido de um modo mais adequado a uma situação em que o regresso ao passado de gastos levianos para dinamizar a economia está, pelas mais variadas razões que o professor deve desconhecer, fora de questão.
Esperava, obviamente, aprender com um professor como sempre ao longo da minha vida aprendi. Mas fiquei sem saber que erros este governo cometeu e, menos ainda, como serão corrigidos ao longo do muito tempo que diz que a tarefa vai levar, para além de nem sequer me atrever a pedir-lhe que me diga como deveria ter feito o governo para os evitar.
Fui, esperançado, ler o que esperava fosse uma lição mas deparei-me como um discurso próprio para quem, sem reclamar, come toda a palha que lhe deitem.


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