Diz
um bem conhecido e palavroso socialista, em artigo que hoje publica no Público,
que “a via austeritária começa a ser fortemente questionada nos mais diversos
areópagos políticos e económicos”. Por isso afirma que novos ventos sopram na
Europa.
Diz
ele que se levantam cada vez mais vozes que clamam pelo investimento em vez da
austeridade para tirar a Europa da crise em que se encontra.
Confrange-me
a curta visão destes políticos que nada conseguem ver para além dos seus
interesses imediatos, neste caso a retoma do poder, sem reflectir sobre as
consequências do que dizem.
É
tempo de recordar como Sócrates se queixava de como o deixavam sozinho a puxar
pelo país, no que se sentiu o herói que teve a coragem de aumentar a dívida
que, em seu parecer também, não é para pagar porque basta geri-la.
É
tempo de perguntar como investir mais sem, outra vez, aumentar uma dívida que, pela
“inércia” do volume excessivo que atingiu, ainda não parou de crescer.
É
hora de perguntar como irá o aumento do consumo interno promover a economia se,
pelo acréscimo das importações que promove, mais desequilibrará a balança de
pagamentos que o acréscimo das esforçadas exportações já não consegue
equilibrar.
É
o momento certo para que alguém explique como se fará o milagre da
multiplicação dos pães que o princípio da conservação da matéria, de Lavoisier,
não contempla.
Há,
ainda, muitas questões pertinentes para as quais o voluntarismo socialista, tal como a
miragem dos que vêem no crescimento económico sem limites a solução da crise em
vez da causa que a gerou, não tem resposta.
Estamos
longe de considerar, na “função da sobrevivência” que nos deveria permanentemente preocupar, todos os parâmetros que a influenciam,
deixando aos Deus dará, as consequências do que o egoísmo político não quer
ver.
Por
isso vivemos esta ilusão de abastança que a austeridade apenas tem refreado sem
conseguir desfazer.
É
certo que é necessário controlar os desequilíbrios que a simples austeridade
não reduz. Talvez, até, pelo contrário, os amplie pela suposição imbecil de ser
um erro controlar o descontrolo.
Porém,
deixar que o descontrolo tome, de novo, conta da economia, poderá ser o canto
do cisne de uma civilização que parece ter tomado o gosto à autoflagelação a que se
entrega.
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