ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

QUAL É O CAMINHO DO FUTURO?


Diz um bem conhecido e palavroso socialista, em artigo que hoje publica no Público, que “a via austeritária começa a ser fortemente questionada nos mais diversos areópagos políticos e económicos”. Por isso afirma que novos ventos sopram na Europa.
Diz ele que se levantam cada vez mais vozes que clamam pelo investimento em vez da austeridade para tirar a Europa da crise em que se encontra.
Confrange-me a curta visão destes políticos que nada conseguem ver para além dos seus interesses imediatos, neste caso a retoma do poder, sem reflectir sobre as consequências do que dizem.
É tempo de recordar como Sócrates se queixava de como o deixavam sozinho a puxar pelo país, no que se sentiu o herói que teve a coragem de aumentar a dívida que, em seu parecer também, não é para pagar porque basta geri-la.
É tempo de perguntar como investir mais sem, outra vez, aumentar uma dívida que, pela “inércia” do volume excessivo que atingiu, ainda não parou de crescer.
É hora de perguntar como irá o aumento do consumo interno promover a economia se, pelo acréscimo das importações que promove, mais desequilibrará a balança de pagamentos que o acréscimo das esforçadas exportações já não consegue equilibrar.
É o momento certo para que alguém explique como se fará o milagre da multiplicação dos pães que o princípio da conservação da matéria, de Lavoisier, não contempla.
Há, ainda, muitas questões pertinentes para as quais o voluntarismo socialista, tal como a miragem dos que vêem no crescimento económico sem limites a solução da crise em vez da causa que a gerou, não tem resposta.
Estamos longe de considerar, na “função da sobrevivência” que nos deveria permanentemente preocupar, todos os parâmetros que a influenciam, deixando aos Deus dará, as consequências do que o egoísmo político não quer ver.
Por isso vivemos esta ilusão de abastança que a austeridade apenas tem refreado sem conseguir desfazer.
É certo que é necessário controlar os desequilíbrios que a simples austeridade não reduz. Talvez, até, pelo contrário, os amplie pela suposição imbecil de ser um erro controlar o descontrolo.
Porém, deixar que o descontrolo tome, de novo, conta da economia, poderá ser o canto do cisne de uma civilização que parece ter tomado o gosto à autoflagelação a que se entrega.


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