(Zona velha de Tossa de Mar, um quadro que religiosamente guardo comigo)
Esta batalha entre o
governo central espanhol e o governo catalão que insiste num referendo em que
os catalães se manifestem sobre se desejam ou não a independência de Espanha, faz-me
lembrar as únicas férias que passei na Costa Brava, em Tossa de Mar, uma
povoação encantadora, de gente simpática e acolhedora.
Não sei no que dará esta “guerra”
que não é de hoje porque já a senti bem quando, há quase 20 anos por ali andei
e me fez crer que, algum dia, os catalães reivindicariam o que sentiam ter-lhes
sido roubado, o direito de serem um país como já foram no tempo de velho Reino
de Aragão.
É por isso que não resisto
a registar aqui algo que aconteceu na minha primeira noite em Tossa de Mar.
Depois de instalados, de
um banho reparador da fadiga de um voo que fora um tanto conturbado e de um
rápido passeio de reconhecimento pelas redondezas, chegou a hora de jantar.
Um dos empregados indicou-nos
uma mesa sobre a qual, sorridente, colocou uma bandeira inglesa.
Sem nada dizer, fiz um
esgar que ele interpretou como um reparo pelo erro que cometera. E, sempre
sorridente, apressou-se a trocar a bandeira, escolhendo, desta vez, uma italiana.
Repetiu-se a cena e,
rapidamente, sobre a mesa apareceu uma bandeira francesa que, do mesmo modo,
recusei.
O homem arregalou os olhos
de espanto e, finalmente, falou: então?
A revelação da nossa
nacionalidade portuguesa deixou-o confundido e preocupado porque teve de me
dizer que, infelizmente, não tinham uma bandeira portuguesa porque era raro
algum português passar por ali, na zona de Mar Menuda.
Disse-me do seu desgosto
por não poder colocar na mesa a nossa bandeira, o que lhe daria um enorme
prazer porque, afinal, os portugueses eram os melhores aliados dos catalães!
Foi a vez de me mostrar
surpreendido, estupidamente surpreendido porque ele acabou por me dizer o que
eu já devia saber e, de facto, até sabia mas de que me não lembrara. Não só
tinha sido Raínha de Portugal uma aragonesa, a Raínha Santa Isabel, como eram os
portugueses quem aliviava os aragoneses na sua luta dura com Castela quando, por estas bandas, os combatíamos também.
Mas estava por resolver a
questão da bandeira na mesa para o que sugeri que lá colocasse a da Catalunha.
Entristecido, declarou que
também não tinha uma. Mas manifestou a esperança de ali a poder colocar quando,
de outra vez que ali voltássemos, a Catalunha já fosse um país livre.
Não sei se voltarei a
Tossa de Mar nem se a Catalunha se tornará independente, mas que sinto saudades
daquele lugar maravilhoso não posso negar!
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