Não consigo entender as vantagens
de uma economia “ligada à máquina” que a mantém a vegetar quando, ao fim de
tanto tempo de tentativas falhadas para a recuperar, outra conclusão não será
possível senão a de que são demasiadamente extensas e irrecuperáveis as lesões
causadas por décadas e décadas de loucuras.
Dito assim, parecerá muito
longo o tempo das loucuras praticadas que nos fizeram pensar serem inesgotáveis
os recursos com que faríamos crescer indefinidamente este negócio de ilusões
que preferimos à realidade do que um mundo limitado pode garantir-nos. Mas não
passa de um breve instante em que quase já delapidámos o que a Natureza, em muitos
milhões de anos, acumulou neste mundo único que é o nosso, sem outra despensa
que satisfaça as necessidades que tenhamos.
A tão festejada vitória de
Costa, o redentor escolhido por cento e tal mil dos cerca de seis milhões de
eleitores portugueses, é bem mais uma prova da falta de entendimento do momento
decisivo que vivemos, o qual a realidade nos mostra em factos a que vamos fazendo
vista grossa, convencidos de que, como de outras vezes aconteceu, alguém haverá
de resolver os problemas que causam porque o crescimento da economia não pode
parar sob pena de morrer.
Mas não conseguem ver que
a “esta” economia já está morta!
Li, algures, a notícia que
os jornais indianos dedicaram grande atenção a este “costal” evento que em
Portugal teve lugar, afirmando que aqui nasceu o novo Gandhi!
Eu até poderia entender a
necessidade de alguém assim, com determinação e uma mente brilhante que nos
livrasse do jugo de uma economia que nos suga o sangue porque, em vez de a
todos proporcionar a satisfação das necessidades próprias da vida digna que qualquer ser humano merece viver, apenas a alguns alimenta pelos vícios que nos criam as inutilidades com que nos
deslumbra.
Não é a isto que “Gandhi” Costa se propõe, mas à recuperação da
economia consumista e dos "direitos de conquista" que, desiludam-se os optimistas
e os esperançados, jamais será o que era! Por impossibilidade física. Mas não
apenas, porque outros obstáculos poderosos se levantam no caminho desta
economia moribunda que os criou e vai fazendo cada vez mais difíceis de
ultrapassar.
Parece que a um estado de
negação outro se segue de delírio como o que faz os insolados sedentos ver lagos
de fresca água cristalina onde apenas existe a areia tórrida do deserto em que perderam
o norte.
Como vamos crescer dentro
de uma Europa que decresce? Como iremos enriquecer num mundo cada vez mais
pobre? A que pobres venderemos o produto dos grandes investimentos que,
porventura, um “mercado” com cada vez menos perspectivas poderá decidir fazer
em Portugal?
No final, restar-nos-á
aquele espectáculo com o seu quê de degradante, semelhante ao de matilhas que,
em círculos quase perfeitos, se regalam cheirando-se uns aos outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário