Tempos houve em que
Stephen Hawking, o brilhante físico inglês a quem a tetraplegia não limitou as
capacidades intelectuais, fazia de Deus uma referência da qual hoje, pelos
vistos, já não sente necessidade para explicar o fenómeno da criação do
Universo, dizendo que “a ideia de um criador divino já não é necessária”.
Numa grande entrevista que
concedeu ao “el Mundo”, à margem de uma conferência de astrofísicos em Tenerife,
Hawking afirma que "no passado,
antes de entendermos a Ciência, era lógico acreditar que Deus criou o Universo.
Mas agora a Ciência oferece uma explicação mais convincente".
Penso que conheço as
razões pelas quais Hawking assim fala mas, ao contrário dele, vejo nas
respostas que a Ciência já foi capaz de dar, razões para mil perguntas sobre o
que ainda nos não revelou e continuamos a sentir necessidade de saber.
Para justificar anteriores
afirmações em que considerava que “se
conseguíssemos elaborar uma Teoria de Tudo, conheceríamos a mente de Deus”,
Hawking acrescenta agora, “se existisse”.
Por isso, confessa-se ateu porque “a
religião crê em milagres, mas estes não são compatíveis com a Ciência".
E penso ser aqui que que a
grande questão se coloca, porque os milagres, mesmo que raros, acontecem e não
são mais do que a prova de estarmos ainda longe de ter respostas para tudo. Por
isso, admitir que algo para além do que conhecemos existe é a conclusão mais
lógica da nossa ignorância e é, por certo, uma explicação mais convincente do
que a pretensão de ser capaz de compreender tudo.
Parece-me a prova de uma
mente que se fecha, incapaz de enfrentar os desafios que os novos conhecimentos
nos trazem ou convencida de nada haver que não compreenda já, o que seria a
estultícia suprema que a Ciência não aceita!
Podemos não ter uma
resposta para a pergunta “quem é Deus?”, talvez até nunca a tenhamos, mas que existe algum ser que nos
transcende e cuja “mente” é a razão de ser da nossa própria inteligência, é uma
verdade que a Ciência também não pode negar. Porque negar essa “mente” seria
como que um certificado de óbito à própria Ciência que perderia a sua razão
de ser por já não haver mistérios para desvendar.
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