O Ministro da Economia,
Pires de Lima, afirma, a propósito do descalabro da Portugal Telecom que “a
evolução da PT é o exemplo acabado e chocante de destruição de valor numa
grande empresa nacional, que perdeu mais de 85% daquilo que era, como
consequência da gestão de ter sido capturada por interesses próprios e
interesses particulares de um accionista e ter sido extraordinariamente
submissa a interferências políticas completamente irracionais do ponto de vista
económico".
A PT foi alvo apetecido e utilizado
por certos “gurus da gestão” para fazerem negociatas apenas benéficas para
alguns mas que deslumbraram legiões de incautos que, perante o que parecia um “enorme
sucesso de gestão”, nelas arriscaram o seu dinheiro que, como era inevitável,
acabou engolido pelo buraco negro que os truques de uma ganância sem limites criaram.
Depois de outros esquemas
fraudulentos que, montados por autênticas máfias das quais os contribuintes
foram vítimas muito maltratadas e arruinaram muita gente que, de boa fé, lhes
confiou as suas poupanças, fica difícil acreditar como o gigantesco caso BES/PT
passou despercebido a quem competia supervisar, de modo prudente, os
comportamentos das instituições financeiras.
Desde os primeiros anos
deste século que acontecem, por esse mundo fora, coisas que jamais esperaríamos
que acontecessem, como falências de empresas, de bancos e de instituições cuja
dimensão os fazia crer invulneráveis, factos com os quais parece nada termos
aprendido, apesar de serem indícios claros de irregularidades num sistema
financeiro que mascarava as suas fraudes em operações aliciantes mas cada vez
mais complexas e incompreensíveis, os tais produtos tóxicos como, depois,
ficaram conhecidos.
Era o maravilhoso mundo
das finanças que tanto dinheiro suado sugou aos que não resistiram ao
deslumbramento de dinheiro fácil. Porque haverá, sempre, trouxas para os espertalhões depenarem.
Tive, durante a minha vida
profissional, responsabilidades de gestão de projectos de enorme dimensão mas,
por muito que me esforçasse e pelo mais que fizesse, sempre me senti superado por
certas mentes brilhantes que, como nos passes de magia, do nada criavam quase
tudo! Por isso, sempre aceitei a vulgaridade do ser humano que sou, daqueles
que por mais que se esforcem, jamais conseguem ir além do que com muito esforço
e dedicação conseguem fazer, muito aquém dos milagres dos deuses do Olimpo que,
por eles são, com pompa e circunstância, distinguidos com a ordem disto ou
daquilo, no dia dos heróis nacionais.
Heróis que, afinal, não
eram e aos quais tantos enganados têm o direito de exigir que prestem contas.
Tanto a eles como aos políticos com os quais se conluiaram em procedimentos
condenáveis.
É urgente sanear uma
sociedade corrompida pela ambição, bem como o é recuperar o bom senso daqueles
para quem a solução é o regresso aos tempos da ilusão de riquezas inexistentes,
em cujos logros se deixaram cair.
Não voltarão esses tempos e o futuro
vai ser muito duro, trabalhoso, mas pode, mesmo assim, ser um futuro feliz!
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