Apesar do muito que nos
afasta, tenho muita consideração por Daniel Oliveira cujas crónicas
regularmente leio, porque não sou dos que crêem ter sempre razão. Tenho
aprendido com ele algumas vezes e, quando tal acontece, consigo melhorar o modo
como penso certas coisas. Fico, com isso, a ganhar!
Contudo, raramente, se
alguma vez, me refiro ao que o Daniel escreve. Hoje, porém, terei de o fazer
por discordar em absoluto da sua afirmação de que “Esta é a melhor forma de
vencer o Tratado (orçamental): usando o incumprimento dos outros para também
não o cumprirmos nós”.
Até poderia estar de
acordo se se tratasse de um jogo em vez de uma coisa tão séria da qual depende
o nosso futuro, até o mais próximo, o dos nossos filhos e netos que um simples
tratado não regula, porque depende de uma realidade a que o Daniel não
prestou, ainda, a atenção que merece.
Para Daniel Oliveira a realidade
é outra, é a “dura realidade dos factos” como o é a França dizer a Bruxelas que
não vai cumprir o Tratado Orçamental nem este ano nem nos mais próximos e não
aquela pela qual o não vai poder cumprir. Esta é a que a Natureza impõe quando
excedemos os seus limites, os ciclos de reposição que a Ciência reconhece mas
não consegue alterar.
Não sei de que valeria
repetir as leviandades que nos levaram ao fracasso, fazendo vista grossa à
realidade que nos comanda, preferindo a realidade dos factos que outros criam
na esperança de, assim, adiar o inevitável.
Onde iríamos nós conseguir
os meios financeiros de que não podemos abdicar se fizéssemos como a França que
tem dos mercados uma confiança que Portugal não tem? Não me parece ser de
esperar deles uma atitude de compreensão de um princípio de justiça que Daniel
de Oliveira reclama quando temos uma dívida quase impagável que a não redução
do défice ainda mais agravaria.
É evidente que tudo aponta
para que seja cada vez mais difícil cumprir as regras de orçamentação que o bom
senso recomenda e que talvez tenhamos de cumprir outras, porventura mais
duras do que as que o Tratado Orçamental impõe, até que reconheçamos a
necessidade adoptar hábitos de consumo moderados pela escassez que é uma
característica inalterável da Natureza a que pertencemos.
Aliás, nesta questão de
imitar o que outros porventura façam, é corrente a expressão “ e se ele se atirar a um poço, tu
atiras-te também?”
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