ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 5 de outubro de 2014

E QUEM VIER ATRÁS…

Quem tenha os pés bem assentes no chão e, desse modo, entender que para ultrapassar a situação crítica em que Portugal caiu é necessário rigor e trabalho, ao que o voluntarismo das promessas eleitorais sobrepõe a ilusão de garantir o que quase todos reclamam, não pode deixar de concordar com Passos Coelho quando diz que é preciso, “para internacionalizar a economia portuguesa, ter primeiro uma economia interna aberta assente na concorrência e não nos favores políticos”.
De tal afirmação deduzo que Passos se refere ao esforço continuado que a concorrência exige, em vez dos “paninhos quentes” com que os favores políticos aliviam a dor do trabalho duro que ela impõe.
E logo tenho de me lembrar de como os “favores políticos” têm sido o grande drama neste país de compadres e de “boys” que caro cobram, aos partidos que fazem vitoriosos, os “serviços” prestados e logo se conluiam para conseguir, com procedimentos truculentos, o que de outro modo jamais alcançariam. Tal como não poderei esquecer, porque a realidade o mostra, que por detrás de um sucesso financeiro retumbante quase sempre está uma enorme trafulhice que todos acabaremos por pagar!
Mas acabar com os favores políticos será assim tão fácil? Não o creio, sobretudo agora que vejo refazer-se o grupo que levou Portugal à insolvência, onde até o próprio Sócrates está presente e sem o qual António Costa jamais conseguiria destronar o ingénuo e desajeitado Seguro da liderança do PS.
Não vejo como determinadas mentalidades poderão fazer diferente daquilo que, com tão maus resultados, antes já fizeram, tal como não vejo como Costa se livrará da rapaziada que o envolve e caro lhe cobrará o “sucesso” pírrico que foi a vitória que conseguiu.
Sinceramente, não vejo que existam condições para acreditar em promessas eleitorais deslumbrantes por parte de qualquer oposição, como as não vejo para atitudes do Governo que lhe possam granjear os votos que a austeridade com que teve de governar naturalmente lhe retirou.
Infelizmente, não espero do povo que se deixa embriagar pelas críticas mordazes e pelas frases sonantes que os tempos de maior austeridade facilmente inspiram, o entendimento de uma realidade dura que lhe exige esforço, porque é mais próprio de si o tão característico “enquanto o pau vai no ar…” que permite desfrutar mais algum tempo de euforia, pensando que mais tarde haverá aquele que vem atrás e fecha a porta.
Só que quem vem atrás são os nossos filhos e os nossos netos a quem legaremos um país desfeito em cacos!



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