Num processo que tinha como objectivo apurar
o que sucedeu com o licenciamento do “freeport” de Alcochete, no qual alguém
acusava Sócrates de ter recebido luvas para permitir o que foi feito, tudo
acabou em nada porque a investigação foi impedida de chegar ao fim. Em todos
ficou a sensação de se ter querido evitar que a verdade fosse esclarecida, o
que parece bem claro no modo como o relatório da investigação termina, com a declaração de se
não ter podido investigar isto, aquilo e não sei mais o que.
Enfim, foi um processo abortado pela impossibilidade
de investigar porque o tempo para o fazer tinha acabado, como se fizesse
sentido impedir que a investigação tenha o tempo de que necessitar quando se
trata de apurar um crime!
No final, para todos, ou para a maioria de
nós, ficou claro que a culpa existia e que sérias irregularidades tinham
acontecido e que à conta de um suposto limite de tempo para investigar, deixou
de ser feita justiça.
Outro entendimento houve desta vez, na
investigação do caso marquês, o qual não só não desrespeitou a lei, como
pretendem os advogados de Sócrates, como teve em conta a
dificuldade em desmontar os ardis de que estes crimes de colarinho branco se
servem para disfarçar o rasto das suas manobras.
Se assim não fosse, se a lei impuzesse limites
irrazoáveis para a investigação, sem ter em conta a complexidade dos crimes em
apreciação, muito dificilmente algum destes criminosos seria condenado por tão
difícil que é desmontar as tramas que urdem com a ajuda de um sistema
financeiro que se tornou a selva onde as escondem.
Mesmo assim, ainda fica espaço para algumas
dúvidas na interpretação das centenas ou milhares de manobras com que procuram
despistar quem investiga, havendo que as suprir com explicações lógicas para as
atitudes tomadas, o que a defesa de Sócrates diz não serem nada!
Mas ninguém anda às voltas com dinheiro só
para se divertir fazendo corridas para ver quem chega primeiro ao Panamá ou às Ilhas Caimão e
volta?
Claro que há interpretações que fazem sentido e outras nem tanto...
Claro que há interpretações que fazem sentido e outras nem tanto...
E lembrei-me de uma anedota antiga que me
parece ilustrar bem isto que digo.
Um menino tinha o hábito de espreitar pela
fechadura as aulas de piano da irmã.
Um dia notou que o professor baixou as calças
e a irmã levantou a saia e deduziu que, provavelmente, iam “aliviar” a dor de
barriga no piano!
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