Creio que não haverá, pelo menos em Portugal,
quem não conheça as idiossincrasias de José Sócrates. Por isso, a curiosamente
chamada entrevista que deu à RTP1, ontem à noite, nada trouxe de novo, para
além de um entrevistador que, de algum modo, ainda conseguiu colocar-lhe
algumas questões que, mesmo assim, não bastaram para alterar o discurso que ele
já levava engendrado, porque mais não disse do que o que tinha preparado para
dizer.
Nem me parece que pudesse ser de outro modo
pois nem o entrevistador teve tempo de estudar todo o processo, nem Sócrates
poderia ir além dos lugares comuns a que se agarrou, porque correria o risco de
se afogar, perdendo o pé, apesar de ser um mestre de escapismo como
poucos haverá.
Sócrates não esclareceu, pois, o que
gostaríamos de ver esclarecido nem disse algo que convencesse e tentou demonstrar,
a partir de meia dúzia de questões de somenos interesse, a única razão que
parece ter, a perseguição de que diz ser alvo por parte do Ministério Público.
E eu que esperava aprender qualquer coisa,
por exemplo, como se faz uma vida de luxo, em Lisboa ou em Paris, com uma
pensão reduzida como ele diz ser a sua e como ela até dá para contrair
empréstimos para fazer férias de luxo e outras coisas de ricos, elevados e
constantes ao seu amigo de infância, os quais diz que se dispunha a honrar, fiquei
sem saber como é que tal se faz e, por isso, continuo a não gastar mais do que
o que, com a pensão que tenho, posso gastar.
Se não fiquei esclarecido com as explicações
de Sócrates, antes fiquei aborrecido por parecer que estava a fazer de mim
parvo, pois pouco mais notei do que expedientes de chico esperto para desviar
as atenções.
Para que servem estas “entrevistas” que,
decerto vai solicitar a mais televisões, senão para convencer incautos pouco
esclarecidos? Só se for para preencher, de modo barato, o caro tempo das
televisões.
Dizer que, para viver teve de fazer
empréstimos? Que melhor forma de disfarçar uns dinheiros que entram pela “porta
do cavalo”, como dizem que entraram, do que contrair uns empréstimos na Caixa? É
a forma de os poder gastar à vista de todos sem levantar suspeitas e criar a
ilusão de um nível de vida que, depois, pode continuar.
Como contrariar a ideia de ser Santos Silva um seu testa de ferro, como se garante que é, apenas exibindo papeis que mostram
ser o seu amigo de infância o titular das contas cujo dinheiro se diz pertencer a Sócrates? E por aí fora…
Vi, sobre a mesa, enormes resmas de papel que
seriam a acusão que o Minsitério Público conseguiu deduzir ao fim de um tempo
que, perante as tramoias engendradas, nem me pareceu demasiado e que, segundo dizem,
é fruto do trabalho de uma numerosa equipa de pessoas que já deram provas da
sua competência em outros casos e não iriam, por certo, compromete-la por causa
de uma perseguição idiota ao sr Sócrates que se diz engenheiro.
Poderá tudo o que ali está escrito resumir-se
às questões a que se agarrou? Não me parece.
Finalmente, fiquei sem entender o por que da
tão feroz perseguição da qual constantemente fala e era esse um dos
esclarecimentos que esperava, porque pensar que o Ministério Público do meu
país, aquela entidade em que eu deveria confiar para defender os interesses do
povo a que pertenço, pode ser, afinal, rancoroso e mal intencionado, é coisa
que me faz muito medo, que me deixa apavorado.
Tretas! Metam lá a viola no saco e deixarem
correr o processo para ver se anda rápido e eu ainda posso ver-lhe o fim!
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