Nunca entenderei por que razão, sempre que
acontece uma desgraça, deve um ministro demitir-se.
A menos que seja óbvia a sua maior culpa
naquilo que aconteceu, tenho de concordar com a Ministra da Administração
Interna que diz não ser hora de demissões, mas sim de acções.
Poderíamos aqui listar as causas de tais
tragédias que parecem não ter fim, fazer a rectrospectiva das culpas de quem as
não soube evitar e, certamente, não encontraremos razões para as colocar todas
nas costas de uma só ministra.
Mas a sua demissão deixaria muita
gente satisfeita, pensando que um grave assunto tinha sido resolvido, apesar de, com isso, se não resolver coisa nenhuma.
Concordo com a persistência da Ministra, mas
espero que seja assim como ela diz, que ela seja capaz das acções que se impõem
nestas condições de tantas infelicidades, para as quais tantos erros sucessivos
e, quem sabe, interesses mesquinhos foram contribuindo.
Mas também espero que, se lhe não forem dadas
as condições de que necessita para o fazer, então se demita e deixe claro qual
foi a “cativação” que lho impôs.
É uma atitude bem diversa da que, em tempos,
tomou Jorge Coelho que se “raspou” logo que a Ponte Hintze Ribeiro caiu, arrastando
dezenas de pessoas para uma morte dolorosa e deixou centenas a chorar os seus
mortos, adquirindo, assim rapidamente, a conveniente condição de ex-ministro,
ao mesmo tempo que se livrava das chatices que se seguissem.
Seguiu-se, depois, aquela cena ridícula da
vistoria a todas as pontes e pontões nacionais, como se uma atitude assim substituísse
a manutenção permanente que estas infraestruturas devem ter.
Depois, a culpa morreu solteira porque neste
país não houve um ilustre que explicasse a causa daquele infeliz acidente. Nem
Jorge Coelho se dignou contribuir para isso.
Mas causas houve e não difíceis de explicar.
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