Como é sabido, o Orçamento de 2016 bateu o
recorde histórico quanto ao valor das cativações feitas que atingiram quase mil
milhões de euros!
Este valor que me pareceu excessivo, levou-me
a considera-las um corte nos investimentos que era suposto que se fariam.
Muita gente pensou como eu, mas logo o
Ministro das Finanças veio a terreiro defendendo a legalidade das cativações
que, afinal, sempre se fizeram e, por isso, não via onde estaria a admiração
pelas que fez.
Mas insisto que mil milhões é imenso
dinheiro.
Eu compreendo que o Orçamento é um exercício
difícil em que se tem de contar com imprevistos na consideração de valores,
como na arrecadação de impostos, por exemplo, que podem ser menores do que a
considerada, com a incerteza dos valores das exportações, do consumo interno, etc e com imprevistos que podem ser excessivos e alterar profundamente
as contas.
É fácil de compreender porque todos nós nos
vemos forçados a fazer isso mês a mês ou, até mesmo, dia a dia, pois nem sempre
as coisas correm como prevemos.
Mas num ano em que as receitas de impostos
ultrapassaram o previsto, as exportações o excederam também, o consumo interno cresceu e não houve
imprevistos significativos, o que terá sido a causa de uma cativação tão
elevada?
Evidentemente que cai melhor um Orçamento
generoso, que preveja investimentos, apoios, melhoramentos e outros gastos que
deixam feliz muita gente e até podem ajudar a que seja mais facilmente
aprovado, deixando passar outas coisas que, em princípio, tanta generosidade
compensa.
É certo que as despesas previstas no
Orçamento só poderão ser feitas se houver meios para tal, como o diria La
Palisse.
Mas a verdade é que num orçamento bem feito
deve prever a origem desses meios o mais rigorosamente possível, não me parecendo
mil milhões uma falha desculpável sem motivos claros e fortes que a justifiquem!
Sendo assim, continuo a pensar que não passou
de uma habilidade que permitiu que fosse alcançado o valor do défice que foi
tão louvado pelo governo e pela UE, mas tão sentido pelos portugueses.
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