ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 10 de outubro de 2017

CATIVAÇÕES



Como é sabido, o Orçamento de 2016 bateu o recorde histórico quanto ao valor das cativações feitas que atingiram quase mil milhões de euros!
Este valor que me pareceu excessivo, levou-me a considera-las um corte nos investimentos que era suposto que se fariam.
Muita gente pensou como eu, mas logo o Ministro das Finanças veio a terreiro defendendo a legalidade das cativações que, afinal, sempre se fizeram e, por isso, não via onde estaria a admiração pelas que fez.
Mas insisto que mil milhões é imenso dinheiro.
Eu compreendo que o Orçamento é um exercício difícil em que se tem de contar com imprevistos na consideração de valores, como na arrecadação de impostos, por exemplo, que podem ser menores do que a considerada, com a incerteza dos valores das exportações, do consumo interno, etc e com imprevistos que podem ser excessivos e alterar profundamente as contas.
É fácil de compreender porque todos nós nos vemos forçados a fazer isso mês a mês ou, até mesmo, dia a dia, pois nem sempre as coisas correm como prevemos.
Mas num ano em que as receitas de impostos ultrapassaram o previsto, as exportações o excederam também, o consumo interno cresceu e não houve imprevistos significativos, o que terá sido a causa de uma cativação tão elevada?
Evidentemente que cai melhor um Orçamento generoso, que preveja investimentos, apoios, melhoramentos e outros gastos que deixam feliz muita gente e até podem ajudar a que seja mais facilmente aprovado, deixando passar outas coisas que, em princípio, tanta generosidade compensa.
É certo que as despesas previstas no Orçamento só poderão ser feitas se houver meios para tal, como o diria La Palisse.
Mas a verdade é que num orçamento bem feito deve prever a origem desses meios o mais rigorosamente possível, não me parecendo mil milhões uma falha desculpável sem motivos claros e fortes que a justifiquem!
Sendo assim, continuo a pensar que não passou de uma habilidade que permitiu que fosse alcançado o valor do défice que foi tão louvado pelo governo e pela UE, mas tão sentido pelos portugueses.



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