Costumo começar o dia por ver, nas notícias,
o que há de novo e dou-me conta que, hoje, assuntos não faltam para encher jornais,
programas de televisão, grupos de comentadores, páginas sociais e sei lá mais o
que, porque o FC do Porto pode continuar a denunciar os e-mails da pandilha do
Benfica, depois de contornado um impedimento que não se entendeu, a PJ investiga no estádio da Luz, na casa de Filipe Vieira e do Pedro Guerra, as armas roubadas de Tancos apareceram quase todas, a ministra da
administração interna era, afinal, a culpada pelos incêndios e foi demitida, o
processo Marquês produziu acusações que deixam Sócrates e os seus advogados
fora de si, o relatório de uma comissão da União Europeia que investigou os “Panamá
Papers” parece incluir os nomes de Sócrates e do ex-GES entre os que praticaram
desmandos, o Benfica ficou já afastado da Champions, Marcelo repreende Costa e
há quem se interrogue o que faltará para o demitir, Hernani Carvalho, um
conhecido comentador da SIC, faz sugestões reveladoras de “coisas estranhas” no
que chamou a “indústria do fogo” em Portugal, um assunto sobre o qual não há
personalidade de topo que se disponha a falar e podemos, ainda, especular sobre
o teor das quinze certidões extraídas do processo Marquês e dos novos processos
a que poderão dar lugar.
A fartura é tanta que quase damos por nós a pensar na “bronca” que
virá a seguir, quem será apanhado em qualquer tramóia, porque parece que a
investigação judicial está a mexer muito e os mexericos multiplicam-se.
Se nos lembrarmos daquelas alturas em que
para ter “notícias” quase se torna necessário inventá-las, esta quantidade
será, sem dúvida, um verdadeiro e rico maná.
Mas no meio de tudo isto há, para além do omnipresente
Sócrates, duas entidades preponderantes, o Benfica e o PS, um clube desportivo
e um clube político, e é por isso que os assuntos raramente são tratados de
modo não influenciado pela paixão que os clubismos sempre geram.
Por isso há muitas “verdades” em vez da
verdade, há conflitos em vez da cooperação que a resolução dos graves problemas
existentes exigiria, há confusão em vez da clarificação que evite que os
problemas continuem ou até se agravem.
A comunicação social e os comentadeiros estão
nas suas “sete quintas” e têm material para o tempo que quiserem ou até quando
outro assunto mais candente apareça por aí.
O interesse por Trump, pela Coreia do Norte e
pela Catalunha perderam fulgor e a té o próprio Sócrates começa a perder interesse
pois já poucos duvidam do seu envolvimento em tanta porcaria, quase nem
interessando o que a Justiça possa vir a decidir daqui a não sei quantos muitos anos.
Mas talvez como escritor fecundo tenha
futuro, porventura um futuro que talvez não possa financeiramente suportar pois
do seu segundo livro, com tanta pompa apresentado, não voltei a ter notícias e
quem sabe se, para não dar barraca, dele terá de mandar comprar uns quantos milhares como dizem ter
feito com o primeiro.
Enfim, tempos em grande estão aí, com
primeiras páginas bombásticas e muitas opiniões de permeio.
Problemas resolvidos, desses nenhuns porque,
sem problemas, como poderia a má língua viver? E sem má língua como
poderiam tantos inúteis sobreviver?
Depois, não dá para andar sempre a inventar.
Penso, até, que disso já abusaram demais, de tal modo que já muito poucos os
levam a sério nessas atitudes.
Então, meus senhores, é fartar!
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