Gosto imenso de sardinha assada que, se
acompanhada com pimentos assados e um tinto saboroso, é um pitéu digno de reis!
Ainda me lembro daquele tempo em que a
sardinha era “peixe de pobre” e um pedacinho que a alguém calhasse para colocar
num pedaço de pão que, mesmo assim, entranhava aquele gosto delicioso, era como
a sorte grande que só sai aos outros.
Depois, dizia-se que era um peixe “raimoso”, palavra
que já não encontro no dicionário (pudera, é reimoso que se diz...) mas que significava ter uma gordura não recomendável
para a saúde. Hoje sabe-se que é rica em ómega três e, por isso, protectora do
sistema cardio-vascular que tantos problemas causa a tanta gente. Por isso,
viva a sardinha!
Mas, para além disso, o que me interessa é o
sabor delicioso que tem se gordinha e bem assada.
Por isso nem quero imaginar que deixe de o
poder apreciar porque a sardinha se extinguiu ou se tornou tão rara que é
melhor não a capturar para que não se extinga de todo!
Esta é uma questão do momento em que se
começa a temer o pior e, por isso, se tem de dar tréguas à sardinha para que,
pelo menos, continue a ser o petisco das noites de Santo António.
Não conheço directamente nenhum relatório do
Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, sigla inglesa) que terá
começado por recomendar uma trégua de 15 anos para que sejam repostos stocks
aceitáveis, depois de 1 ano sem pescar nas águas ibéricas, o que deixou pouco agradada a
ANOPERCO (Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca de Cerco)
que afirma a abundância da sardinha nos nossos mares.
A ICES admite, porém, novos cenários e todos
eles "asseguram uma variação positiva da biomassa disponível de sardinha
com idade superior a um ano"!
Francamente, fico baralhado com tamanha
multiplicidade de hipóteses em que, afinal, sempre se verifica um acréscimo da
biomassa da sardinha.
Entre "stocks aceitáveis" e pesca que os não esgota, deve haver uma história um pouco mal contada, mas se asim é, pronto! Pesquem lá as 23.000
toneladas de sardinha por ano pois eu fico bem com aquela dúzia a que já reduzi o meu consumo de um peixe que, de pobre, passou quase a caviar!
De resto, quem proíbe uma baleia de, numa só
bocada, comer mais sardinha do que eu em toda a minha vida?
Seja como for, quem se lixa é a sardinha…
Sem comentários:
Enviar um comentário