ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

OS RECURSOS NATURAIS EXTINGUEM-SE QUANDO NÃO RESPEITAMOS OS SEUS CICLOS



Por diversas vezes já escrevi sobre o modo cada vez mais célere como vamos exaurindo os recursos naturais, de tal modo que, excedendo cada vez mais os seus ciclos de regeneração, caminhamos inevitavelmente para a penúria.
Uma questão bem actual, o controlo da pesca da sardinha no mar ibérico onde a população de sardinhas pescáveis (com mais de um ano de vida) caiu para níveis demasiadamente baixos, pode ser um bom exemplo de como o excesso de consumo em que caímos nos torna vulneráveis a carências futuras.
Desde há alguns anos que sistematicamente se coloca a questão de quotas de pesca para evitar a extinção de espécies, o que, apesar de tudo, nem sempre evita o desaparecimento ou quase desaparecimento de algumas.
No caso da sardinha, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) considera que seriam necessários pelo menos, 15 anos de suspensão total da pesca para repor o stock em níveis aceitáveis.
Ainda que o parecer do ICES não seja vinculativo, é um indicador que Bruxelas leva em conta na definição de quotas para cada ano.
Lamento, naturalmente, o desarranjo que tal situação vai causar aos pescadores, mas o mal está feito e não haverá como escapar aos seus efeitos que serão bem piores se a realidade não for tida em conta.
Porém, o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, contesta a validade do parecer do ICES, porque o Conselho Internacional para a Exploração do Mar não tinha informação atualizada sobre a população de sardinhas nas zonas do Centro e do Norte do país, quando fez esta avaliação (?!). Essa informação seguirá dentro de dias e adianta que o abaixamento excessivo da quantidade de sardinha no mar ibérico não resulta de excesso de capturas mas das alterações climáticas, já que o esforço de pesca não tem aumentado nos últimos anos.
É perante isto que a minha perplexidade explode e me leva a perguntar se essa conclusão me deixaria ou não ainda mais preocupado.
Além disso, em determinadas condições de decréscimo da população, ela continuará a decrescer mesmo sem aumentar as capturas, daí que seja necessário parar por algum tempo até que sejam recuperados níveis que uma captura moderada permita manter.
Ao longo da minha vida em Lisboa, para onde vim viver aos 17 anos, já me dei conta de enormes cardumes de sardinha que penetravam no estuário do Tejo e, junto à margem sul, eram em tal quantidade que quase se apanhavam à mão. Jornais da altura relataram, claramente, a situação.
Então ninguém falava em quotas de pesca. Mas há muito que me dou conta desta questão que evidências confirmam e obrigam a cuidados para que a espécie se não extinga.
Agora não me parece que haja sardinhas no estuário do Tejo de onde se afastaram, também, os golfinhos que eu tanto gostava de ver saltar, por ali, constantemente.
Umas poucas dezenas de anos bastaram para a abastança se tornasse carência. 

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