Depois do incómodo que senti com a notícia de
que 2 605 pessoas haviam morrido, em 2016, enquanto esperavam por uma
cirurgia que poderia salvar-lhes a vida ou aliviar o sofrimento que sentiam, estou
profundamente chocado com a notícia de que o IPO de Lisboa espera, há anos, por
uns “míseros” 5 milhões de euros para aumentar o seu bloco operatório para
poder reduzir o elevado número dos que esperam a cirurgia salvadora, aprovados ainda
no anterior governo e não “descativados” por Centeno!
E é a Ordem dos Enfermeiros que pede que
sejam investigadas as mortes que aconteceram em esperas longas demais, não é o
governo que anuncia medidas determinadas e efectivas para as reduzir.
O que me dizem sobre as carências, desde as
mais elementares a medicamentos, que se verificam em diversos hospitais (digo
diversos porque não tenho amigos ou conhecidos em todos), leva-me a crer que o
SNS em Portugal passa por um momento que se aproxima do limiar da tragédia.
É evidente que a situação não melhorou
entretanto e que mais milhares de pessoas continuam a perder a esperança,
desesperando por que chegue a sua hora de poderem ser tratados se, algum dia,
chegar.
Mas, apesar disto, há sempre uns Sindicatos
da FP, que arregimentam milhares que podem fazer greve porque os salários dos
funcionários públicos não podem continuar congelados!
A ameaça de uma greve na Função Pública é
sempre qualquer coisa que incomoda o Governo que, naturalmente, não espera uma
rebelião dos que morreram porque não respeitou o seu direito a viver.
E se a tudo isto juntarmos as mais de 100
pessoas que este ano tiveram mortes horríveis nos incêndios que devastaram quase meio Portugal e mais as centenas que sofreram e
sofrem sérias dores na pele e nos seus bens porque a incúria do Governo não os evitou,
mais os milhares que, por certo, já morreram e vão morrer, em 2017, em listas
onde continuam esperando a cirurgia que poderia salvá-los, verificamos como
Portugal é um país inseguro para os portugueses, mas um país de sucesso para a
União Europeia que não quer problemas com os mercados nem pagar mais pela
incapacidade que revelamos.
E o défice continua a ser a preocupação
principal de um governo que, aquilo que acontece revela que não tem uma
política que possa garantir aos portugueses a segurança a que têm direito
constitucional. Ou será que este só vale no caso da Catalunha?
Na política é assim. Onde está, afinal, o
Socialismo?
Sem comentários:
Enviar um comentário